quinta-feira, 30 de abril de 2015

A barreira interna

Na edição de abril da revista VocêS/A, o presidente da operadora de turismo CVC, Luiz Eduardo Falco, concede uma breve entrevista. A CVC vai explorar o mercado de intercâmbio e viagens de estudo. A ideia é vender para a classe média que quer adquirir experiência e conhecimentos no exterior.

Destaco aqui uma parte da entrevista em que ele fala o seguinte: muitas pessoas estudam inglês durante anos e, quando saem do curso, não tem certeza se falam inglês. Fiquei pensando no assunto.

Isso é recorrente em cursos de idiomas, mas vejo isso acontecer também nas faculdades. A pessoa estuda durante quatro ou cinco anos, faz a festa de formatura e, no dia seguinte, não sabe se está preparada para atuar. Falta experiência, diz. E reclama do curso (nesse texto, não vamos entrar na questão da qualidade do ensino).

Seguindo esse raciocínio, Luiz Eduardo Falco conclui a entrevista falando sobre mitos a respeito de ser presidente de uma grande empresa. Ele diz que muitas pessoas acham que a presidência não é para elas. Que ser presidente depende de algum dom sobrenatural. Ele acredita que esse é um grande mito. É preciso quebrar essa barreira interna, ele afirma. E conclui: a maior competição é consigo mesmo.

Essa barreira interna (insegurança) é um dos grandes obstáculos de qualquer profissional, em qualquer estágio na carreira. Mas o grande defeito do profissional, e especialmente do estudante moderno, é ficar esperando sentado, literalmente, que a faculdade lhe ensine a trabalhar. E que o curso de inglês o faça fluente.

Obviamente o problema está no caminho percorrido. É um cenário semelhante ao estabelecimento irracional de metas em algumas empresas. Quando termina o mês, todos correm para conferir qual foi o resultado. Durante o percurso, a meta assombrou todo mundo, mas não serviu de guia. Não foi dividida em etapas, em degraus. Simplesmente apontava um norte. Mais ou menos como a data da formatura.

O verdadeiro aprendizado depende de uma contrapartida do aluno. Não basta prestar atenção. Não basta fazer o dever de casa. O crescimento envolve assumir riscos: quem não se expõe não evolui e não é notado.

O curso não é bom? O mercado está desaquecido? Faltam oportunidades? Pode ser. Mas também acho que a maior competição é consigo mesmo.