Extensa reportagem no site da Exame faz
uma comparação curiosa e precisa: a indústria pornográfica sofre e sofreu
exatamente da mesma maneira que a indústria da música. Assim como a venda de
CDs despencou, a venda de DVDs “eróticos” (eufemismo injusto), que
respondia por 70% do mercado, hoje representa menos de 20%. E o declínio
continua acelerado.
A culpa pela queda, no entanto, não é dos
DVDs piratas. Se for é muito pouco: a culpa é da internet, e da facilidade de
acesso dos internautas às produções amadoras. As músicas, diferentemente, eram
baixadas de modo pirata. O que acontece do mesmo modo nos dois casos é a
facilidade de encontrar os arquivos, o que decretou a morte do modelo
tradicional da indústria fonográfica. E da pornográfica.
Culpa da modernidade, diremos. Mas o
modelo de negócios da indústria musical era injusto para o cliente. Os fãs compravam
um CD de 14 faixas por causa de uma ou duas audíveis. A internet facilita o
acesso ao que interessa. Com os filmes pornôs é possível criar uma analogia:
quem tolerava um filme de sacanagem com roteiro? Todo mundo comprava por que
era assim que eles eram feitos. Os momentos de pouca ação eram passados para
frente, assim como as faixas ruins de um CD. Na internet, não há historia a ser
contada – há apenas aquilo que o internauta procura.
Entre outros dados, um chama a atenção:
os horários de pico que os brasileiros acessam aos sites acontecem à meia-noite
de domingo e às 22 horas da segundas-feiras. Interessante notar como os sites
pornográficos conseguem medir (como toda a internet, obviamente) a assiduidade
e a origem de todos os seus clientes. Isso facilita e orienta de modo preciso o
planejamento do negócio.