Relembra vagamente o primeiro dia na escola. Só que dessa
vez você não chega no início do ano letivo. As aulas já começaram faz tempo.
Colocam você numa mesa, sob olhares estranhos, e você não sabe ao certo o que
irá fazer. Quem queria mudar o mundo e fazer só o que gosta, ou – ai de mim,
Senhor! – só o que ama?
Bastam alguns meses e você já é da casa. É a tão sonhada
estabilidade que você vislumbrava antes de adormecer, enquanto praguejava
ajustando o despertador. É delicioso o banho de realidade que agora você toma, e
ninguém bate na porta pedindo que você economize água e luz.
No entanto, alguns detalhes foram omitidos do seu sonho.
Entra mês, sai mês, e o trabalho se repete – você é uma parte que ignora o
todo. E você percebe que a maioria dos seus colegas não gosta do que faz,
riscando a lápis o longo calendário da amarga rotina.
E você, a princípio, não entende a reclamação alheia. Mas um
dia, na sala do café, percebe envergonhado que já replica os mesmos argumentos.
Quer mais benefícios. Conta as horas para chegar o almoço. Reclama aos céus que
ainda é terça. E o chefe, esse puxa-saco de outro chefe maior?
Sua vida agora é estável, e tem bons momentos: à noite, nos
finais de semana e nos feriados. Se Deus quiser, você pensa, no próximo ano
teremos mais feriados nas terças e quintas. Daí enforcamos a segunda e a sexta
em praça pública. Literalmente.
Mais de 120 mil vagas devem ser preenchidas através de concurso
público em 2013. Estima-se que 12 milhões de brasileiros estejam estudando para
as provas.