quarta-feira, 27 de junho de 2012

A expansão das marcas chinesas


O êxodo rural na China tem sido enorme. Mas ele não é mais encarado apenas como um problema. A perspectiva atual é de uma população urbana enorme e sofisticada, ávida por produtos e serviços de alta qualidade. Um dado: a China possui hoje 513 milhões de internautas, contra 245 milhões de americanos conectados.

Atentas a esse cenário, as marcas internacionais não perderam tempo: desenvolveram produtos especiais para a exigente classe media chinesa. Além, é claro, de estender o “tapete vermelho” aos turistas chineses em todo o mundo.

No entanto, essa efervescência transformou também a China em um centro formador de grandes idéias, um ambiente ideal para os empreendedores. E o principal obstáculo parece ter sido vencido: ter reconhecida a qualidade daquilo que produzem.

O rótulo Made in China deixou de ser sinônimo de porcaria e falsificação.  Movidas por uma tecnologia em constante evolução, pela força de trabalho qualificada e pelo crescente consumo da classe média, as marcas chinesas se tornaram fortes e preparadas para conquistar o mercado externo. Um bom exemplo é a JAC Motors, que montou sua primeira fábrica internacional no Brasil.

É comum hoje em dia marcas famosas trabalharem com componentes tecnológicos produzidos na China. Mas o que acontecerá quando as marcas chinesas adquirirem status e confiabilidade? O que acontecerá quando a tradicional marca ocidental deixar de ser um fator importante de escolha?

O Trend Briefing do trendwatching.com desse mês (aqui, em português) traz diversos exemplos chineses de sucesso, em diversas áreas: design, tecnologia, luxo, sustentabilidade entre outras iniciativas criativas e audaciosas. Inovação pura! Vale à pena conferir.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O democrático twitter da Suécia


Não está longe o dia em que perceberão como a divulgação em redes sociais é superestimada. Alguém falou do potencial enorme das redes e desde então os manuais de comunicação pregam que essa “conexão” é obrigatória.

Marcas, políticos, Países, celebridades, todo mundo tenta usar redes sociais como ferramenta de promoção. Poucos acertam, e os que acertaram invariavelmente tinham algo interessante para comunicar.

Um caso emblemático: A Suécia resolveu criar um perfil oficial no twitter e cedê-lo aos seus cidadãos. A cada semana o perfil muda de dono, e ele fala sobre o que quiser. Segundo nota no site da revista Veja (aqui) a ideia é promover a imagem do país no exterior e impulsionar o turismo.

A ação é, vá lá, criativa. Mas tinha tudo para dar errado, como de fato deu: alguns usuários escreveram bobagens, outros manifestaram posições preconceituosas e de mau gosto. Tudo isso utilizando o perfil oficial do país (@sweden).

O maior erro, no entanto, é utilizar essa rede social como ferramenta de promoção - a não ser que a Suécia tenha algo importante a informar ou a oferecer (Se o perfil fosse do Irã, da Coréia do Norte, talvez interessaria, certo?). Desconheço o potencial turístico da Suécia, mas sei que o twitter não vai prospectar turistas.

Parece que, hoje em dia, o importante é o simples fato de estar nas redes sociais. A ação sueca não trará benefícios nem prejuízos. Ela é simplesmente inócua, como a maioria das ações de comunicação nas redes sociais.  Mais em breve.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estagiários: um cenário melancólico


Matéria de hoje (aqui) no Jornal Hoje, da Globo: um estudo com 4 mil candidatos a vagas de estágio identificou que 62% deles haviam sido reprovados. Por que? Lá vai: 40% não sabiam escrever o mínimo esperado. Outros 21% foram reprovados por não possuírem noções básicas de raciocínio lógico - não compreendiam o enunciado do exercício. Traduzindo: nos dois casos, analfabetos funcionais.

Problemas de comportamento e educação eliminaram 17%. Outros 7%, pasme leitor, rodaram porque não tinham noções básicas de higiene ou se vestiam mal. Vale ressaltar: o estudo foi realizado somente entre jovens que já estão em um curso superior.

Esse levantamento relembra algo importante: a seleção de candidatos, especialmente de estagiários, é orientada por princípios básicos, elementares: saber ler e escrever, conseguir se comunicar bem, ser educado, saber se portar no ambiente de trabalho, etc.

No entanto, os jovens candidatos se preocupam apenas com sua falta de experiência. E é óbvio que não se pode julgar a experiência de alguém com 17 ou 18 anos. O que vai definir se ele merece a vaga é o seu caráter, suas competências e, é claro, o mínimo de conhecimento básico.

Poderíamos propor então, baseados nesses números, que nossos jovens estudem mais gramática, pratiquem leitura e redação. E quanto aos problemas de comportamento e postura? Castigo e palmadinha educativa neles!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos Namorados: ingenuidade de quem compra ou de quem vende?


Uma característica do Dia dos Namorados: a efemeridade. Antes que lancem as pedras, explico: o dia das Mães, o Natal e o dia dos Pais são datas sagradas e consagradas. No ano que vem a mamãe, o papai e o menino Jesus serão os mesmos, enquanto boa parte dos casais estarão separados. É uma característica interessante a ser considerada por aqueles que planejam vendas.

Outra coisa: como definir o público-alvo das ações? Claro que depende muito dos produtos e serviços ofertados, que já nascem direcionados a alguém. Mas uma loja, por exemplo, precisa montar uma vitrine, elaborar anúncios. Assim, genericamente, eu apostaria numa comunicação com um público mais jovem. Percebo um certo ceticismo em casais mais velhos e, consequentemente, calejados: eles parecem valorizar mais a ocasião, e não tanto a adolescente troca de presentes.

Talvez por esse caráter singelo e inocente do público que as campanhas do dia dos namorados sejam tão previsíveis. Algumas até são criativas, mas não conseguem ir além do esperado: propaganda para divulgar promoções relacionadas à data. O site Meio & Mensagem mostra aqui algumas peças publicitárias feitas para o 12 de junho.

Ok, a data é efêmera. Mas será que as ações de vendas também precisam ser? Os críticos dirão que esta é apenas mais uma celebração do consumismo irracional. Mas o mundo não vai mudar e presentear continuará sendo a maior prova de afeto. Os varejistas até lucram com o sentimento alheio. Mas poderiam ser bem mais eficientes nesse cenário perfeitamente criado para movimentar a economia.

A propósito: o SEBRAE dá boas dicas (aqui) para datas comemorativas no comércio varejista.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Feliz dia do varejo, de novo


O Dia dos namorados - como já é esperado em datas comemorativas - movimentou o comércio nesse final de semana. De acordo com levantamento divulgado aqui (site da revista Exame) o fluxo de consumidores nas lojas aumentou 22% em relação aos finais de semana anteriores. A data, para quem não lembra, é comemorada amanhã, dia 12.

este infográfico, também no site da Exame, mostra que cada namorado deve gastar, em média, R$ 128,00 em presentes. As roupas e os sapatos são os itens mais comprados, seguidos por celulares/smartphones.

Quem é mais feliz: quem será presenteado e tem alguém para presentear ou quem não vai ganhar nada (nem gastar dinheiro) numa terça-feira fria? Ninguém sabe, e também não importa. Incontestavelmente feliz é o varejista que sabe como atrair os casais.

Este espaço já abordou a importância das datas comemorativas no comércio aqui e aqui

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A pouca importância da maioria das coisas


Resumindo: a “Lei de Pareto” afirma que, em diversas situações, 80% das conseqüências decorrem de apenas 20% das causas. Neste texto (em inglês) bastante lido do blog da Harvard Business Review, o autor Greg McKeown faz interessantes comparações entre o teorema e o planejamento pessoal e profissional.

Na administração de empresas, é comum falar que 80% da receita advêm de 20% dos consumidores. É aquele cliente fiel, que gasta mais, e por isso merece uma atenção especial, e até mesmo sacrifícios por parte da empresa.

McKeown questiona, de acordo com a lei, o motivo de tantas pessoas bem sucedidas se distraírem tão facilmente: perdendo tempo e se preocupando com aspectos que não terão reflexos em sua vida (80%) e ignorando aquilo que é essencial e causa efeitos (20%).

Assim como nos negócios, na vida também existem desigualdades entre causas e conseqüências. Toda ação tem uma reação; mas algumas ações causam reações de diferentes proporções. Reflita: algumas ações, ou não causam efeito algum, ou trazem apenas reações negativas. E o pior: tomam muito tempo.

Quem precisa de tempo livre ou de tempo para realizar algo produtivo precisa de um método, de uma organização. Separar as inúmeras coisas triviais das poucas coisas vitais é um caminho interessante, pois além de estabelecer prioridades, projeta consequências. Eis uma auto-ajuda que ajuda, ou não?

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Empreendedor: discurso de celebridade

No livro “A Menina do Vale”, a brasileira Bel Pesce declara  o objetivo de inspirar jovens empreendedores. No entanto, o texto apela excessivamente para uma espécie de auto-ajuda. A autora estudou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), trabalhou no Google e na Microsoft. Mas no livro pouco se fala sobre esse admirável currículo.


Até se um guru dos negócios (o que ela não é) resolver escrever um livro, dará exemplos de situações importantes e decisivas que enfrentou. Afinal de contas, o livro e o autor só existem em função do seu mérito empresarial. A trajetória precisa justificar o discurso. Neste caso, a autora apresenta poucas situações reais, e de maneira bastante superficial. Na maior parte do tempo, o que se lê é que você consegue e você pode se você quiser.


Acho que esse é um pecado corriqueiro das biografias de empresários. Larguei a biografia de Abílio Diniz, por exemplo, na metade: as únicas partes interessantes que li acontecem quando ele relata o seqüestro que sofreu e quando relembra como o grupo Pão de Açúcar surgiu. O resto são dicas de treinos esportivos e alimentação saudável. Tem gente interessada em saber o que a atriz de novela come, ou o que ela sente. Será que o público interessado no empreendedor não quer saber, digamos, como ele trabalha?


Mas voltando ao livro de Bel Pesce: apesar do sentimentalismo, trata-se de uma leitura recomendável. Tempo não se perde, já que as 84 páginas são viradas em uma hora, uma hora e pouco. E alguns capítulos são mesmo inspiradores. E, além de todas as qualidades, o download do livro é gratuito (aqui, no site do livro).


E, concluindo e fazendo justiça, a autora sabe o que faz. Quem sabe foi intenção dela e de sua equipe abordar aspectos mais psicológicos e emocionais do empreendedor. Prova inquestionável do sucesso é a quantidade de downloads que o livro já atingiu: mais de 350 mil (aqui, em nota de hoje no site da revista Exame).