Na revista Exame da primeira quinzena de janeiro, o renomado
consultor Vicente Falconi responde a seguinte pergunta de um leitor: “A empresa
em que trabalho está cogitando acabar com o programa de trainees. Uma das
razões é que os jovens parecem cada vez menos comprometidos. O que o senhor
acha disso?”
Falconi responde assim: “Acho que sua empresa deve estar com
um ambiente de trabalho péssimo e não deve ter nenhum sonho futuro. Os jovens
provavelmente é que estão certos. As pessoas querem, essencialmente, duas
coisas na vida profissional: ter felicidade enquanto realizam o trabalho e
sentir que estão construindo algo importante para o mundo em alguma medida. Se sua
empresa é incapaz de oferecer essa percepção aos funcionários, então, mais uma
vez, os jovens tem razão.”
Falconi lembra ainda que o jovem de hoje não espera muito
tempo até mudar de rumo. E segundo o consultor, ele está certo em ser assim. No
entanto, empresários e gerentes repetem sempre a mesma coisa: “Falta
comprometimento dos novos funcionários!” Mas a pergunta que os empregadores
devem responder é a seguinte: vale a pena se comprometer com a sua empresa? E
se o jovem se comprometer, ele será correspondido?
Costumo conversar com alguns alunos aflitos, que trabalham
em uma empresa em que percebem a bagunça, não são ouvidos e não enxergam
perspectiva de mudança. E eles me perguntam o que eu acho que deveriam fazer. A
minha sugestão é sempre a mesma: converse francamente com seu chefe sobre isso.
E se ainda assim nada for feito, comece a procurar (ou a criar!) outra
oportunidade.
Eu concordo que as novas gerações possuem essa
característica efêmera: mudam de caminho e opinião com uma facilidade espantosa.
No entanto, essa aparente falta de rumo, geralmente, é uma busca por propósito.
E poucas empresas conseguem oferecer isso. Em geral, querem funcionários que
façam seu trabalho de modo exemplar em troca do salário. Mas só isso não é
suficiente, e as empresas precisam mudar.
E para entender o quanto isso mudou, mais um comentário do
consultor Falconi: “A função de uma empresa é social. O lucro é a expressão de
sua capacidade de realizar sua função social de forma produtiva. Quem não
perceber isso, não ficará com os melhores jovens.”