A Revista Veja do dia 17 de outubro traz uma entrevista com o célebre headhunter Egon Zehnder. Ele aborda
estatisticamente um ponto crucial: contratações e nomeações equivocadas são
mais prejudiciais que a corrupção dentro de uma empresa ou órgão público.
Ele explica: estimativas indicam que o custo da corrupção represente 5%
do faturamento das companhias. Por outro lado, numa fábrica, um funcionário de
qualidade produz até 40% a mais que um funcionário padrão. E segundo Zehnder,
pesquisas acadêmicas mostram que quanto mais complexa a tarefa, maior é a
diferença de produtividade entre os funcionários.
Ou seja: as seleções equivocadas são um “escândalo oculto”, já que é
difícil relacioná-las com os resultados financeiros da empresa.
Estatisticamente, segundo Zehnder, pode-se perceber que uma equipe
desqualificada gera mais prejuízos que
os danos causados por desvios éticos.
Já abordei várias vezes a questão do despreparo das empresas e
departamentos de recursos humanos nos processos de seleção de funcionários. Por
isso, desta vez, vamos avaliar uma questão posterior à contratação: se os
melhores produzem muito mais que os medianos (para não falar medíocres) por que
treinamos todos do mesmo jeito? Não seria o caso de investir pesado nos raros
talentos, já que eles carregam a empresa nas costas?
Essa ideia não é minha. Modelos de gestão há tempos pregam o
aperfeiçoamento constante e exclusivo dos melhores funcionários, e não os
treinamentos niveladores que temos hoje. A gestão de pessoas não deveria ser padronizada
para toda a empresa.
Para concluir, arrisco uma relação: será que em sala de aula, o louvável
esforço de incluir todos os alunos no processo de aprendizagem não acaba também
excluindo os melhores?