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domingo, 10 de setembro de 2017
terça-feira, 13 de junho de 2017
Duvido que você consiga
Ouvi uma boa história há alguns dias, enquanto falava com uma
amiga empreendedora e empresária (é bonito quando a pessoa consegue ser os dois
ao mesmo tempo!). Não vou entrar em detalhes, mas resumindo: no passado, ela não
teve autorização para criar algo novo no local onde trabalhava. Muita
burocracia, muita hierarquia, muita gente com medo de incomodar o chefe. Ela arriscou
e foi fazer por conta própria. E isso virou uma empresa.
Provavelmente o leitor conhece histórias semelhantes. Trago
esse exemplo para tentar demonstrar um cenário maior: na maioria dos casos, não
precisamos mais de autorização para fazer o que queremos. Especialmente quando
se trata de trabalho criativo. Você não precisa que a editora permita que você
publique. Você não precisa que a gravadora permita que você grave. A tecnologia
criou as plataformas para você mesmo criar e mostrar seu trabalho. Mas
desconfio que você está usando a tecnologia para outras coisas.
Ou talvez você esteja esperando para ser escolhido. Ganhar
uma oportunidade. Fomos ensinados que, se a gente fizer tudo certinho, estudar
bastante e obedecer, vamos arrumar um bom emprego. Ou vamos passar no concurso.
Mas o mundo mudou, e bastante gente ainda não percebeu. Agora você mostra o seu
trabalho e, depois, quem sabe, você seja escolhido. Mas há a necessidade de
escolherem você? Será que estão procurando talentos, ou os talentos deveriam
dedicar mais tempo procurando oportunidades de mostrar o que sabem fazer?
E tem outro detalhe: a maior motivação para você fazer logo,
e não esperar autorização, é ser desafiado. Muitos negócios nascem assim.
Talvez você já tenha ouvido histórias de pessoas que se dedicaram integralmente
a um projeto após serem pessoalmente ofendidas pelo antigo chefe. Ou por um
concorrente grande, estabelecido. Num momento de arrogância, por se acharem
melhores e mais fortes, eles criaram uma motivação extrema ao desdenhar do
pequeno. Ele usou isso como motivação para criar e crescer.
Uma ideia: você pode duvidar de alguém como estratégia, com
a intenção de motivar. Ofender e desdenhar de propósito alguém de quem você
gosta. Diga: "Duvido que você consiga! É um fraco!" Da mesma forma
que falamos para uma criança: "Duvido que você consegue arrumar a sua
cama!". E ela faz só para provar que você estava errado.
É melhor do que passar a mão na cabeça de quem espera por
uma chance.
quinta-feira, 8 de junho de 2017
A experiência e a expectativa
No passado, ir ao dentista era garantia de sentir dor. Você
sabia que seria sofrido.
Hoje, a expectativa de quem vai ao dentista é outra. Se algo
desagradável acontecer, você vai reclamar. E você tem nas mãos o poder de
contar para muita gente, em poucos minutos. A tecnologia traz informação,
interação, e torna o cliente (ou paciente) mais exigente. Ele não está mais
sozinho na jornada.
É claro que a tecnologia não influencia só a maneira como
compartilhamos experiências. As pessoas sofriam mais no dentista porque a
tecnologia era precária. O dentista era um prático, sem formação e com ferramentas
parecidas com as de um mecânico. Ou seja: no passado, o problema era a
tecnologia: equipamentos, materiais, conhecimento científico. Hoje não é mais.
Qual é então o problema?
Hoje o problema costuma estar na experiência. E muitos
profissionais não perceberam isso ainda.
Antes de explicar a situação é importante ressaltar: me
refiro à experiência da compra, do uso, do serviço. Como o consumidor vai
experimentar aquilo que o profissional oferece. E pensar nisso é
responsabilidade de quem vende. Pensar nisso é planejar marketing e fomentar a
inovação.
Ouço com certa frequência, e o leitor também deve ouvir: "Eu
tenho qualidade, melhores produtos, sou especialista". Certo, mas isso é o
básico. É o que esperamos, como consumidores. Qualidade é algo muito subjetivo
para ser anunciado como diferencial. O que pode diferenciar é a experiência de
comprar, usar e participar daquilo que você vende. Ou ainda: como cliente, nem
sempre consigo identificar se é bom ou ruim. Mas consigo perceber e sentir (e
comentar por aí) se é divertido, respeitoso, agradável, eficiente.
A oportunidade de se diferenciar está na experiência do
cliente. E quem vende consegue, se quiser, consegue olhar do ponto de vista do
consumidor e tentar entender seus motivos. Sentir a tal empatia. Sentar na
cadeira do paciente e tentar entender o que aquela experiência significa para
ele.
Enquanto anunciamos por aí que vendemos qualidade, bom
atendimento, preço baixo e condições facilitadas de pagamento, esquecemos de
entender e tentar mudar o que as pessoas pensam e sentem a nosso respeito.
quinta-feira, 1 de junho de 2017
O design do hábito
Criar hábitos é um processo de design. Ou deveria ser.
Exemplo: você está tentando criar o habito de ler durante
uma hora, todos os dias. Mas não está conseguindo. Alegando falta de tempo,
como sempre, desanima e passa uma semana sem avançar na leitura. E avança no
celular, no controle remoto. Enquanto o livro, largado na estante, estampa na
capa, todo dia, o peso da promessa não cumprida.
Infelizmente não é a boa intenção que cria o hábito. Mas
duas coisas somadas podem ajudar: a mentalidade certa e o processo de design.
Voltemos ao exemplo do livro e da leitura. Talvez ao invés
de uma hora, você pode começar com meia hora. Não adiantou? Então talvez, ao
invés de ler deitado, chamando o sono, você poderia testar uma poltrona. Talvez
fazer um investimento e comprar a “cadeira da leitura”. Tentar ler em outro
horário do dia. Talvez testar outra luz, e não essa econômica porém inadequada
luz branca do seu teto. Ou tentar outro livro. Ou comprar um Kindle. E por aí
vai: uma construção constante em busca da rotina (e da vida) que você quer.
Criar um hábito não depende apenas da força de vontade.
Criar habito depende da tentativa e do erro, características do processo de
design (e de inovação).
O outro aspecto é a mentalidade de quem vai errar. Quero
dizer: se você vai começar a fazer algo novo, com certeza vai errar em algum
momento. O mesmo exemplo: se você tentar ler todos os dias, falhar e se sentir
culpado por isso, seria melhor nem ter pensado em criar o hábito, certo? No
entanto, se você tiver a mentalidade certa, vai encarar os pequenos fracassos
como sinais de o que não funciona. E vai seguir testando.
E um perigo: criar novos hábitos pensando no sintoma, e não
no verdadeiro problema. Insisto no exemplo: você tenta ler, mas não se concentra.
Precisa voltar três parágrafos porque seus olhos estavam seguindo as linhas,
mas você pensava em outra coisa. Será que, antes de tentar ler durante uma
hora, você não precisa se organizar melhor? Usar uma agenda, um calendário?
Pode ser. Teste e erre até encontrar o que precisa, o que funciona.
E o mais importante, aonde todos pecamos: achamos que o
hábito vai criar raízes depois de um início bem sucedido. Para o hábito
permanecer, a prática precisa ser incessante. Podemos concluir com exemplos
maiores: a generosidade é um hábito. A excelência é um hábito. Construídos, com
erros e acertos, no dia-a-dia.
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