quarta-feira, 8 de junho de 2011

Serviços, tangíveis e as rodoviárias na Copa

Os aeroportos precisam se popularizar, porque a classe C quer voar. Beleza, orientação para o cliente. Mas os aeroportos mantêm costumes burgueses incompatíveis com suas ambições.
Um exemplo: há alguns dias, no aeroporto de Porto Alegre, paguei R$ 6,00 por uma latinha de Brahma. Em respeito às senhoras que me lêem não vou descrever aqui a última vez que em que eu paguei tão caro por uma Brahma.
E as rodoviárias? Que bela maneira de não sentir saudades do passado, já que estas arcaicas estações são os mesmos pardieiros de antanho. Ao turista desavisado os aspectos tangíveis do serviço dizem tudo: banheiros imundos, mendigos, acomodações precárias, comida ruim, etc. Vendo isso, já se desconfia que o ônibus é ruim também, atrasa e o motorista é xucro.
Ambos, aeroporto e rodoviária, nos prestam serviços. Nos aeroportos percebemos uma vaga orientação por servir: as vezes somos surpreendidos com um discreto sorriso no rosto de algum funcionário. Até conseguimos certa atenção, alguma informação. Já nas rodoviárias, parece que tudo que nos fazem é um complicado favor. Imploramos ao balconista que tenha a bondade de nos informar os horários dos ônibus que vão atrasar e não chegarão ao destino no horário.  
Só um parênteses: será que adiantaria treinar um motorista de ônibus, um cobrador, um vendedor de passagem para atender bem? Talvez ajude. Talvez, porque isso envolve algo maior, que insistimos sempre: treinar só resolve se você selecionou um funcionário a partir de suas competências, e se a empresa tem algo a oferecer para que este funcionário tenha motivações para trabalhar conforme orientado. Adiante.
Voltamos a eles: nossos aeroportos, como se sabe, trabalham além de sua capacidade. Consequência: já imitam os piores defeitos das rodoviárias: atrasos, descaso com passageiros, falta de informação. Não é por nada que são a maior preocupação para a Copa de 2014, preocupação maior que os próprios estádios. Mas e as rodoviárias? Alguém já ouviu falar nas obras de melhoria das estações rodoviárias para a Copa de 2014? Ou elas não serão usadas durante o torneio? Já pensou o pesadelo do turista (desavisado) que ficar em um hotel nas redondezas de qualquer rodoviária do Brasil?
- Toc toc!
- Who´s there?
- Pograma?
Não bastam os problemas atuais: no próximo texto eu pretendo falar sobre estações de transporte público ferroviário e aquaviário no Brasil. Mas, temo, este texto vai ter que esperar mais algumas décadas. Não duvidem que, se existissem, as estações ferroviárias seriam como nos desenhos do pica-pau: assombradas por pistoleiros e, quando o trem passa, deixa o saco dos correios pendurado num poste.
E as estações aquaviárias, como seriam? Banheiros fluviais. É só o que eu vislumbro.