Ouvi uma boa história há alguns dias, enquanto falava com uma
amiga empreendedora e empresária (é bonito quando a pessoa consegue ser os dois
ao mesmo tempo!). Não vou entrar em detalhes, mas resumindo: no passado, ela não
teve autorização para criar algo novo no local onde trabalhava. Muita
burocracia, muita hierarquia, muita gente com medo de incomodar o chefe. Ela arriscou
e foi fazer por conta própria. E isso virou uma empresa.
Provavelmente o leitor conhece histórias semelhantes. Trago
esse exemplo para tentar demonstrar um cenário maior: na maioria dos casos, não
precisamos mais de autorização para fazer o que queremos. Especialmente quando
se trata de trabalho criativo. Você não precisa que a editora permita que você
publique. Você não precisa que a gravadora permita que você grave. A tecnologia
criou as plataformas para você mesmo criar e mostrar seu trabalho. Mas
desconfio que você está usando a tecnologia para outras coisas.
Ou talvez você esteja esperando para ser escolhido. Ganhar
uma oportunidade. Fomos ensinados que, se a gente fizer tudo certinho, estudar
bastante e obedecer, vamos arrumar um bom emprego. Ou vamos passar no concurso.
Mas o mundo mudou, e bastante gente ainda não percebeu. Agora você mostra o seu
trabalho e, depois, quem sabe, você seja escolhido. Mas há a necessidade de
escolherem você? Será que estão procurando talentos, ou os talentos deveriam
dedicar mais tempo procurando oportunidades de mostrar o que sabem fazer?
E tem outro detalhe: a maior motivação para você fazer logo,
e não esperar autorização, é ser desafiado. Muitos negócios nascem assim.
Talvez você já tenha ouvido histórias de pessoas que se dedicaram integralmente
a um projeto após serem pessoalmente ofendidas pelo antigo chefe. Ou por um
concorrente grande, estabelecido. Num momento de arrogância, por se acharem
melhores e mais fortes, eles criaram uma motivação extrema ao desdenhar do
pequeno. Ele usou isso como motivação para criar e crescer.
Uma ideia: você pode duvidar de alguém como estratégia, com
a intenção de motivar. Ofender e desdenhar de propósito alguém de quem você
gosta. Diga: "Duvido que você consiga! É um fraco!" Da mesma forma
que falamos para uma criança: "Duvido que você consegue arrumar a sua
cama!". E ela faz só para provar que você estava errado.
É melhor do que passar a mão na cabeça de quem espera por
uma chance.