quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Seja o que Deus quiser

Várias frases e pensamentos postados no Facebook me deixam intrigados. Evito a “linha do tempo” da rede social, mas as vezes a curiosidade faz com que eu me depare com frases como esta, publicada por uma amiga: “Não sei os Teus planos Senhor, mas você conhece os meus caminhos.”

E então eu penso naquele mandamento que proíbe usar o nome de Deus em vão. Quando eu era pequeno, lembro que eu era repreendido se eu exclamasse algo como “Meu Deus, que calor!” Só poderia usar o nome Dele, se me referisse a Ele, ou estaria usando o nome Dele (escreverás o pronome em maiúsculo!) em vão. Por isso eu evitava, e me arrependia sinceramente quando a exclamação escapava sem querer.

Hoje penso nesse mandamento de uma forma diferente. Usar o nome de Deus em vão, creio, é achar que ele interfere em todos os aspectos da vida. Temos 7 bilhões de vidas no mundo para Ele dar conta. Mas insistimos em achar que foi Deus que não quis que fossemos aprovados no processo seletivo. Foi Deus que quis que você perdesse o ônibus. Foi Deus que levou o ente querido, ao mesmo tempo que salvou outro, nem tão querido assim.

E voltando à frase que abre o texto: será que Deus realmente planejou a sua vida? Cada detalhe? Desculpe-me se você crê que acontece assim, mas me parece muito cômodo, não? Se não deu certo, Deus que não quis. E a vida passa, e no final se percebe que Deus não quis nada grandioso para você. Será?

Nunca saberemos, eu sei. Não quero gastar meus 2 mil e poucos caracteres com reflexões que não levam a lugar algum e que podem ofender algum fervoroso leitor. Mas eu insisto em acabar o ano com essa ideia. 

Se me permite uma sugestão, não deixe a sua fé em algo maior se confundir com uma postura passiva. Está todo mundo esperando algo acontecer, alguma intercedência que coloque as coisas em ordem.

Espero que em 2015 seja como você quiser! Que seja algo bom para você, mas que influencie as pessoas do seu bairro. Coloque generosidade naquilo que você quer. Um exemplo: quer passar num concurso público? Não pense só na sua própria e melancólica estabilidade financeira. Comece implementando na sua rua coisas que você vai poder fazer pela cidade quando for aprovado no concurso. Isso se chama empreendedorismo. Se você quiser isso, acredito que Deus também vai querer.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As relações comerciais em 2015

Provavelmente pouca coisa vai mudar na sua loja no ano que vem. Se você permanecer no mesmo ritmo, acredito que vá sobreviver – as mudanças tem sido lentas por aqui. Mas se você pensa em crescer, sugiro que pelo menos considere as ideias que apresento na sequência.

Sugiro que você capriche na experiência de consumo. O que seria isso? Sua loja, antes de tudo, precisa ser um lugar agradável. Ou responda: por que eu devo sair de casa e visitar você? O que existe na sua empresa que eu não consigo ter na internet? Eu sei que não é preço.

Eu também sei que seus vendedores são chatos, pois você exige que eles vendam tantos mil reais por mês. Eu desconfio que, assim que eu entrar na loja, eles não estarão preocupados em resolver o meu problema, já que o problema que você inventou para eles é maior que o meu. Sugiro que você repense a sua política de metas.

Também sugiro que o seu vendedor seja alguém que conhece aquilo que vende. O vendedor que tem lábia e enrola o consumidor é uma figura que ficou num passado distante, lá por 1997. Hoje, pesquisando alguns minutos no Google, eu sei mais do que ele. E ele insiste em fechar a venda, antes mesmo de entender exatamente o que eu preciso. Já pensou se ele fosse um especialista em apontar alternativas e soluções?

Hoje, metade dos americanos compram com o celular na mão, comparando preços. Isso já está acontecendo aqui. Estive em Nova York esse ano, na maior feira de varejo do mundo. Lá os varejistas colocaram sofás e internet liberada na loja. Ou você prefere que o cliente vá para casa pesquisar preços? Se ele for, você perdeu a venda.

Peter Drucker, o pai da administração moderna, dizia que só o marketing e a inovação dão resultados. E que todo o resto que você faz são custos. Você consegue questionar ele?

Logo, uma sugestão em marketing: relacionamento. Cadastre clientes e descubra quem são os melhores – os que gastam mais e com mais frequência. Crie um grupo VIP (quem sabe os 20% melhores) e trate essas pessoas especiais com personalização e exclusividades. E eles vão recomendar você.

E uma sugestão para a inovação: incentive a comunicação interna na sua empresa. O colaborador precisa ter a liberdade de questionar, de ser ouvido, de propor mudanças. Se a sua empresa fizer isso em 2015, eu volto no final do ano que vem com o próximo passo para a inovação. Mas se a sua empresa fizer isso, talvez nem seja preciso eu falar nada.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A sua marca no Facebook

Há alguns dias um amigo colocou um anúncio curioso no Facebook. Não vou citar o nome dele para evitar constrangimentos, mas uso o exemplo como sugestões de o que não fazer na rede social.

Esse amigo tem uma empresa que vende um determinado tipo de produto. O primeiro erro dele foi criar um perfil ao invés de uma página no Facebook. Já comentei a questão nesse espaço: empresas não podem ter perfis de usuário, pois isso é proibido pelos termos de uso do Facebook (aqueles que ninguém lê, apenas clica em “aceitar”) Se você cometeu esse erro também, e criou um perfil para sua empresa, não se preocupe: é bem simples migrar de perfil para página. Você encontra o passo a passo facilmente procurando no Google.

Apenas adianto um ponto fraco da página: é mais difícil entrar em contato com um cliente, por exemplo. O Facebook só permite que a conversa comece pelo usuário, ou pela pessoa que curtiu a página. Eles fazem isso para evitar que as marcas fiquem atazanando você. A sugestão para o pequeno empresário é criar a página e usar o perfil pessoal para contatar alguém quando necessário.

O segundo erro desse amigo é mais específico: ele marcou em uma publicação quatro empresas, que são suas potenciais clientes, mas que são concorrentes entre si. Ele divulgou uma foto do produto e tornou isso visível para as quatro empresas – ao mesmo tempo. Ele poderia ter contatado facilmente cada um dos clientes: seria mais eficiente, mais personalizado (uma enorme vantagem das pequenas empresas) e evitaria esse peculiar constrangimento.

O terceiro erro dele aconteceu ainda na mesma publicação: ele escreveu a seguinte mensagem para as empresas clientes: “Venham nos visitar!” Ou seja: ele que é o vendedor, ele que oferece uma solução, mas ele quer que os clientes venham até ele! Esta é a característica menos aproveitada da rede social: o Facebook deve servir para divulgar conteúdo de qualidade, e não apenas ser usado como vitrine. Deve facilitar o contato e estimular a interação, e não só imitar a comunicação tradicional, onde o emissor fala e o receptor, se Deus quiser!, escuta.

Para concluir, uma breve reflexão. Caro empresário, vendedor, ou qualquer profissional que tem um perfil no Facebook: você é a sua marca por lá. Como essa marca é percebida? Ou será que as pessoas só estão rindo do seu amadorismo e dos seus erros de português?