quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O caçador de coincidências

Eu tento acreditar em algumas coisas, mas não é fácil.

Por isso tento ser meio (?) místico. Eu gosto de falar, por exemplo, sobre a Lua (é em maiúscula que se escreve?). Entendo as fases, os eclipses, o efeito gravitacional. Sei explicar de forma bem didática como a Lua muda a maré. Mas admito que é uma admiração forçada: eis a lua cheia e amarelada no horizonte. Paro o carro e observo. Acenderia um cigarro se eu fumasse. Com toda a força tento sentir algo. Mas não sinto. O astro que inspira os poetas, no caso, é só algo bonito. Só um ponto de vista. Tem um texto do Dalton Trevisan em que algum maníaco fala para alguma mocinha indefesa: “Você é a redonda lua cheia de olho amarelo que, aos cinco anos, desenhei na capa do meu caderno escolar”. Nada ainda.

Também gosto de falar sobre signos, mas por questão de bom gosto desprezo as previsões do horóscopo. Mas gosto particularmente da ideia de signo ascendente: uma fotografia do céu no instante em que você nasceu e que vai te influenciar a partir dos 25, 26 anos. Eu mudei muito nessa idade e por isso afirmo, canastrão: será que meu ascendente em Virgem, tão distante do meu signo de Peixes (no outro extremo do Zodíaco) realmente mudou minha personalidade? A história é boa, mas infelizmente não acredito. É só uma coincidência.

Mas não pense, caro leitor, que ser “só” uma coincidência seja motivo de pouco caso. Eu garimpo coincidências. Anoto. Coleciono. As coincidências tornam a vida menos banal, né?

Só que há alguns dias li que as coincidências não existem. Dizem que nos deparamos com mais de um milhão de pequenos fatos por mês. Dessa forma, seria normal que alguns desses fatos fossem espetacularmente parecidos, coincidentes. Um em um milhão, estatisticamente, pode acontecer uma vês por mês. Logo agora que eu estava começando a acreditar nas coincidências como manifestação do destino.

Enfim, continuo buscando algo para acreditar. E perdão, caro leitor, por hoje não falar em marketing, inovação e tal. É que este é o meu texto número 150 aqui no lucasmiguel.com. Como celebração a esse passado recente, resolvi escrever algo mais parecido com os textos que eu escrevia antes do signo ascendente me transformar nesse incrédulo faceiro.

E que outubro traga duas ou mais coincidências.