quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O fator sorte

No livro “Como as gigantes caem”, o autor Jim Collins cita, como um dos motivos da quebra de empresas de sucesso, aquela confiança inabalável na própria capacidade.  A crença total em ser o único responsável pelo próprio sucesso. Ou melhor: a empresa (ou o profissional) que acredita que tudo que conquistou é resultado do próprio esforço, pode estar correndo um risco grande de cair.

Segundo o autor, uma postura inteligente é considerar que as coisas que deram certo podem ter sido lances do acaso. Você pode ter tido sorte. Ou você tem certeza de que o sucesso é resultado apenas do que você fez, dos seus atos? Simples assim, causa e consequência?

É bem característico dos tempos que vivemos: os gabolas de sempre falando que, quem quebrou, não se esforçou tanto o quanto eles. E pensam que, por talvez trabalhar com mais dedicação, não correm perigo. Condenam a postura errada do fracassado e acreditam que isso nunca vai acontecer com quem faz tudo certo. Ou supostamente certo.

Infelizmente não é assim: basta pensar na quantidade assustadora de eventos e situações que não controlamos. E quem sabe esses eventos ambientais e externos possam ter favorecido as circunstâncias e, talvez sem você perceber, encurtaram ou facilitaram o caminho das vitórias.

Tive um exemplo em casa: meu pai é promotor de justiça, e sempre atribuiu a Deus e à sorte ter conseguido chegar lá. Eu sempre discordei, pois acompanhei a sua impressionante dedicação aos estudos. Hoje entendo melhor essa humildade, e admiro tanto essa postura quanto o esforço que ele fez.

Uma postura elogiável é admitir que não se conhece a verdadeira razão do sucesso. Por mais que você tenha feito, aparentemente, tudo certo. Quem não tem esse excesso de confiança, segundo Jim Collins, é mais precavido.

Você não sabe se tudo o que você conquistou até hoje teve a sorte como ingrediente. Mas se você supor que a sorte fez parte do caminho, vai estar mais preparado para quando faltar sorte – e aí sim você vai perceber com clareza. E um detalhe: é preciso acreditar na sorte como ingrediente do passado, e não como algo que vai acontecer e resolver os problemas no futuro.


Resumindo: acreditar na sorte como ingrediente principal do sucesso adquirido é uma prática constante de humildade.