No livro “Como as gigantes caem”, o autor Jim Collins cita,
como um dos motivos da quebra de empresas de sucesso, aquela confiança
inabalável na própria capacidade. A
crença total em ser o único responsável pelo próprio sucesso. Ou melhor: a
empresa (ou o profissional) que acredita que tudo que conquistou é resultado do
próprio esforço, pode estar correndo um risco grande de cair.
Segundo o autor, uma postura inteligente é considerar que as
coisas que deram certo podem ter sido lances do acaso. Você pode ter tido
sorte. Ou você tem certeza de que o sucesso é resultado apenas do que você fez,
dos seus atos? Simples assim, causa e consequência?
É bem característico dos tempos que vivemos: os gabolas de
sempre falando que, quem quebrou, não se esforçou tanto o quanto eles. E pensam
que, por talvez trabalhar com mais dedicação, não correm perigo. Condenam a
postura errada do fracassado e acreditam que isso nunca vai acontecer com quem
faz tudo certo. Ou supostamente certo.
Infelizmente não é assim: basta pensar na quantidade
assustadora de eventos e situações que não controlamos. E quem sabe esses
eventos ambientais e externos possam ter favorecido as circunstâncias e, talvez
sem você perceber, encurtaram ou facilitaram o caminho das vitórias.
Tive um exemplo em casa: meu pai é promotor de justiça, e
sempre atribuiu a Deus e à sorte ter conseguido chegar lá. Eu sempre discordei,
pois acompanhei a sua impressionante dedicação aos estudos. Hoje entendo melhor
essa humildade, e admiro tanto essa postura quanto o esforço que ele fez.
Uma postura elogiável é admitir que não se conhece a
verdadeira razão do sucesso. Por mais que você tenha feito, aparentemente, tudo
certo. Quem não tem esse excesso de confiança, segundo Jim Collins, é mais
precavido.
Você não sabe se tudo o que você conquistou até hoje teve a
sorte como ingrediente. Mas se você supor que a sorte fez parte do caminho, vai
estar mais preparado para quando faltar sorte – e aí sim você vai perceber com
clareza. E um detalhe: é preciso acreditar na sorte como ingrediente do passado,
e não como algo que vai acontecer e resolver os problemas no futuro.
Resumindo: acreditar na sorte como ingrediente principal do
sucesso adquirido é uma prática constante de humildade.