Certa vez, em um treinamento no Rio Grande do Sul, conheci
um senhor chamado Miguel Arcanjo. No cadastro dos alunos percebi que ele fazia
aniversário no dia 29 de setembro, mesmo dia que meu pai. E eu fiquei surpreso:
“Que coincidência! O senhor faz aniversário no dia do meu pai, e tem o mesmo
nome do meu pai!”
Até então eu não sabia que dia 29 de setembro é o dia de
Miguel Arcanjo, ou São Miguel, suposto líder do exército divino contra as
forças do mal. E aquele senhor do treinamento, decerto filho de pais católicos,
recebeu o nome por ter nascido no dia do santo. Meu pai também recebeu o nome
por esse motivo, mas isso eu também não sabia.
Na época fiquei encantado com a aparente coincidência. Só quando
fui contar para alguém sobre aquele fato incrível fui alertado sobre o dia do
Santo. Aceitei a explicação, resignado. Aquele senhor deve ter percebido na
hora que eu não imaginava que a maioria dos que se chamam Miguel deve ter
nascido no dia 29 de setembro. Mas foi gentil e não quis estragar a
coincidência que o professor havia encontrado. As estatísticas são a água no
chope das coincidências.
Dia 29 de setembro é feriado na cidade onde eu moro, pois o
município também homenageia o Arcanjo. Miguel é também meu nome, porque minha
mãe insistiu em homenagear meu pai. Percebe-se assim que nenhum fato envolvendo
esse nome é capricho do destino. E não deixa de ser triste perceber que as
coincidências que colorem a vida, em geral, resultam apenas da ignorância e da falta
de informação.