quinta-feira, 17 de março de 2016

Os médicos e todos nós

De cada 20 buscas que as pessoas fazem no Google, uma é tentando entender sintomas de doenças. Por isso, o Google e o Hospital Israelita Albert Einstein criaram no Brasil uma iniciativa para facilitar o esclarecimento dessas dúvidas.

Os médicos ajudaram a construir os informativos sobre as doenças. Se você digitar, digamos, “sarampo” no Google, verá um quadro em destaque com os sintomas e indicações. A ideia é criar um local de referência para esse tipo de informação, e quem sabe diminuir a quantidade de pessoas que acabam encontrando informações equivocadas. 

O Fantástico fez uma reportagem sobre a situação. E o enfoque foi interessante: os médicos precisam entender essa quantidade de informação que o paciente acessa. Eles precisam lidar com esse paciente preocupado e sobrecarregado de informações duvidosas. Inclusive, as vezes o paciente entra num dilema: confiar mais no diagnóstico do médico ou naquilo que ele descobriu na Internet?

Na reportagem, uma moça relatou o caso em que ela se informou na internet sobre o remédio que deveria tomar, mas o médico falou que ela estava errada. Ele prescreveu outro, e no final, era ela quem estava certa. E então precisamos compreender os motivos do paciente: ele foi mal orientado e o médico teve uma postura arrogante. O que fazer? Ele vai buscar em outro lugar a informação que não teve. (Sugestão de remédio para muitos profissionais da saúde: Marketing!).

Outra moça relatou, na mesma reportagem, algo que já deve ter acontecido com todo mundo: você desconfia que está doente. Então procura no Google a provável doença que acarreta os sintomas que você está sentindo. E então parece que você começa a sentir outros sintomas, e aqueles que você sentia ficam mais fortes. E você fica apavorado. E então precisamos de um médico para colocar as informações no lugar e verificar o que se passa. Em geral, nesses casos, não é doença: é imaginação.

E é claro que existem médicos e médicos. Como em toda profissão. O fato é que o médico não é mais o dono da verdade. Ninguém mais é. Todo mundo tem acesso à informação (gratuita). O doutor, outrora inquestionável, precisa ser um educador, de postura humilde. Na verdade todos nós, em maior ou menor grau, precisamos ser educadores de postura humilde. Não importa a profissão.