quinta-feira, 24 de março de 2016

A utopia eletrônica

Já fui contatado, varias vezes, para ajudar pequenas empresas a resolver questões mais ou menos assim: eles querem saber como fazer para vender pela internet, atingindo clientes de todo o Brasil.

Para ajudar a esclarecer a complexidade da situação, faço algumas perguntas. Por exemplo: você costuma comprar de sites desconhecidos? Fica tranquilo ao colocar lá os dados do seu cartão de crédito? Basta se colocar no lugar do consumidor para entender o problema. Por isso, pequenas empresas que se aventuram no comércio eletrônico precisam conquistar confiança, reconhecimento.

Um bom caminho são os marketplaces. O exemplo mais famoso no Brasil é o Mercado Livre: lá qualquer pessoa pode vender, e o site é uma garantia a mais de que quem comprou vai receber. Lá você também percebe se o vendedor é bem avaliado pelos antigos clientes. A propósito, se você entrar em sites de grandes lojas, verá que todo mundo está criando marketplaces para pequenas empresas parceiras. Uma grande oportunidade para os pequenos que quiserem vender pela internet com o aval de um grande (e que tem o tal fator confiança). Eles cobram uma porcentagem por cada venda.

E para quem se queixa da concorrência desleal do comércio eletrônico, mais uma informação: nenhuma das grandes lojas online que você conhece tem dado lucro. Elas ainda são uma aposta, pois a concorrência é grande e por isso todas trabalham com margens muito pequenas. O lucro só vai acontecer quando um número maior de brasileiros comprar pela internet. Se hoje já está difícil, já pensou o que vai acontecer com a sua loja física quando esse dia chegar?

É aquela história: a grama do vizinho sempre parece mais verde. Daí eu ouço: “É injusto, os sites vendem mais barato porque eles não precisam pagar funcionários!” E os elevados custos de logística e tecnologia? E a comparação de preços constante, por parte do consumidor? E as devoluções? São questões que a maioria dos pequenos negócios nem imagina como funciona. Mas achar culpados para os nossos problemas é o nosso hábito mais antigo.

Sugestão: encontre diferencias, cultive a sua carteira de clientes, facilite a vida do consumidor e forme um bom time. Não é uma tarefa fácil. Mas alguém disse que seria?