quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A experiência e o aprendizado

Toda vez que você estiver diante de uma situação problema, você precisa entender 3 coisas: o que você sabe, o que você acha que sabe, e o que você realmente não sabe sobre aquilo que precisa resolver.

Para ilustrar a ideia, vou usar como exemplo o trabalho de um consultor. Segundo Edgar Schein, um dos maiores pensadores de consultoria organizacional, o consultor costuma ajudar mais quando ele atua numa área que ele não conhece. A explicação é a seguinte: se ele não sabe a resposta, teoricamente ele vai ser mais sincero nas perguntas. Faz sentido.

Mas claro que para isso acontecer, esse consultor precisa estar comprometido em ajudar. Ajudar precisa ser o objetivo do trabalho.

Por que trago esse comentário? Porque é algo que ouço o tempo todo: as pessoas acham que não estão preparadas, ou que não tem experiência para pode ajudar, contribuir, mudar. Mas não é apenas quem tem muito conhecimento que pode colaborar. A experiência é importante, as vezes fundamental, mas existe um perigo na experiência: a pessoa pode achar que sabe muito, e em função disso não se esforça tanto na busca pela solução mais adequada.

Existe algo que podemos chamar de ponto cego da experiência: a pessoa domina tanto determinada área do conhecimento que não percebe alterações. Não aceita novos padrões. E nem sempre isso é arrogância: ela realmente sabe muito, e sempre resolveu o que precisava com a bagagem que tem. Mas num mundo em crescente aceleração, essa âncora da experiência pode impedir adaptações necessárias.

Aqui percebemos também o choque de gerações: os experientes desprezando os novatos. Os dois lados erram, um desprezando a possível inovação, outro taxando de antiquada a escola antiga, a fundação. Mas o exemplo negativo mais frequente vem de cima para baixo: por não entenderem o raciocínio online e digital (nas tecnologias, nas comunicações e na vida) utilizam os anos de prática como refúgio, como barreira. As vezes como proteção.

Concluindo, a experiência do perito não garante resultados: alguém realmente preocupado em ajudar pode ser até mais útil do que um especialista. Pois ele vai querer resolver e, principalmente, também vai querer aprender com a situação. E essa fome de aprendizado faz acontecer.