quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Disputando clientes

Conversando com minha mãe, uma consumidora, percebi um problema muitas vezes ignorado pelos lojistas. Como de costume, eles estabelecem uma comissão sobre a venda individual para os vendedores. É uma meta que precisa ser batida. Dessa forma, o vendedor se vê obrigado a vender, e o consumidor precisa se defender da abordagem insistente: o cenário comercial que conhecemos bem, e que já comentei aqui, em texto, várias vezes.

Ultimamente venho chamando atenção para outro detalhe: muitas vezes o problema não é o departamento comercial. É o produto. Simples assim: as pessoas não precisam do que você vende. O empresário precisa perceber isso logo, e mudar de rumo, quem sabe até de ramo. Mas muitos, míopes, insistem no esforço de vendas, nas promoções, e inclusive repensam as metas e comissões, tema deste texto. Transferem a culpa pela situação à equipe de vendas.

Vamos ao problema das cotas individuais de venda, mas sob aquela perspectiva da minha mãe: ela quer ajudar o vendedor. Já sabemos, e ela também sabe, que o vendedor ganha comissão. Então, quando entramos numa loja, procuramos o vendedor que nos atendeu no primeiro contato. Ou aquele vendedor que é um amigo. Ou aquele que eu prefiro. Porque não queremos que ele saia prejudicado.

Para a loja isso pode ser um problema, pois o cliente escolhe com quem quer comprar. E ele talvez faça isso apenas para ajudar, ou para ser justo. A culpa é da loja, que ao invés de estimular o trabalho em equipe e a padronização do atendimento e da experiência de compra, prefere cobrar desempenhos individuais.

A consequência é um processo de vendas bagunçado. Em geral, nessas lojas, o vendedor tem pouca autonomia. Quando treinado, é para aprender a oferecer produtos. Também em geral, o gerente é chamado para resolver qualquer situação que fuja do usual – desde uma troca ou devolução, até uma simples autorização de desconto ou parcelamento. Para que serve a equipe nesse cenário?


Não vou entrar de novo na polêmica de ter ou não ter cotas individuais de venda. Mas havendo a obrigação de vender, é preciso amenizar as consequências que isso traz: entre tantas outras, a mais clássica e até cômica, se não fosse trágica: vendedores disputando no tapa para atender bons clientes, enquanto ignoram aqueles que eles julgam serem clientes ruins.