Os empreendedores costumam supervalorizar o lançamento de
seus negócios. Eles imaginam uma grande inauguração. Imaginam que vai ser o assunto
da cidade. Gostariam que a imprensa cobrisse o fato. Mas não é mais assim que
funciona.
Eu entendo o sentimento: empreender é difícil. E é motivo de
orgulho para quem o faz. Mas existe um problema: em geral, as pessoas não ligam
para o seu esforço. Em geral, as pessoas não ligam para a sua empresa. Você vai
ter que falar, mostrar e provar que o que você faz é importante e relevante – para
as pessoas. Para você, empreendedor, eu já sei que é importante. Mas eu, como
consumidor: por que eu vou ir até a sua empresa, gastar meu tempo, ouvir a sua
equipe e ainda gastar dinheiro? Preciso de um bom motivo.
Outro problema: os empreendedores querem que tudo esteja
perfeito para a inauguração. Investem em decoração, placas, iluminação,
fachada, móveis, a estrutura completa. Mas o perfeito não existe. É melhor
lançar algo bom, ou até razoável, e construir o resto aos poucos. Em negócios,
o perfeito costuma ser inimigo do bom.
Questiono com certa frequência, neste espaço, aquela ideia
arcaica sobre empreender: muita gente ainda acredita que o primeiro passo é ter
um bom ponto comercial. E então descobrir o que “dá dinheiro”, ou o que “ainda
não tem” na cidade.
E então, depois de tudo, ou quase tudo do jeito que ele
queria, abre as portas e espera as pessoas entrarem. A parte mais difícil
costuma ser conquistar clientes: mas ela é considerada uma consequência do
capricho inicial. Não é mais assim que funciona.
O ideal seria que o empreendedor fosse lançando sua ideia
aos poucos.
Quem sabe já ir criando confiança antes da grande
inauguração. Criando protótipos, amostras, testando produtos. Colhendo o
precioso feedback dos clientes. É como o treino antes do jogo.
A inauguração pode ser comemorada. É interessante chamar a
atenção, criar certa expectativa, gerar novidade. Mas isso precisa ocorrer na
cabeça dos consumidores, e não na cabeça do empreendedor – ele precisa ter
começado bem antes. Se não for por uma questão de estratégia de negócio, que
seja para evitar um grande investimento inicial em algo incerto.