quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Privações tecnológicas

Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou o preocupante cenário do roubo de celulares no Brasil. Aproximadamente 3 mil celulares são bloqueados por dia no País – o proprietário pede o bloqueio para que ele não seja usado pelo bandido. Alguns, resignados e já cansados de tanta falcatrua em todas as partes, nem bloqueiam o aparelho perdido. Ou seja: é bem provável que o número de aparelhos roubados seja ainda maior. No máximo agimos como o Chaves, que foi à igreja rezar para que o ladrão (o Senhor Furtado) se arrependesse e devolvesse o ferro de passar da Bruxa do 71.

No passado recente, o medo era ter a carteira roubada. Esse tipo de ladrão sempre foi chamado de batedor de carteira. E o ladrão de celulares, já tem um apelido?

Minha irmã mora em Florianópolis e prefere não ter um celular muito bom. O medo de perder o investimento existe, mas é secundário. O medo maior é despertar a atenção dos ladrões. É passar pelo trauma de um assalto.

Perceba o dilema, caro leitor: não se pode usufruir totalmente de um benefício da tecnologia – ele precisa ser utilizado com cautela, já que a segurança pública não nos permite comprar, pagar e usar um celular aonde e quando a gente quiser.

Talvez em cidades pequenas o sumiço de smartphones não seja um problema tão grave. Mas vamos para uma tecnologia ainda mais cara, e que nos preocupa ainda mais: os automóveis. Também temos medo de usá-los. E nesse caso, o medo maior por aqui nem é o roubo: são as estradas destruídas. E nessa conta também entram os estacionamentos lotados e os congestionamentos.

E assim, em qualquer lugar, as necessidades de ir e vir e de se comunicar são impedidas. Reflexos da corrupção, da burocracia, da incompetência: sem infraestrutura e segurança, a tecnologia não anda.


E uma reflexão: será que a tecnologia traria boas soluções para sua empresa? Eu acredito que sim – especialmente na questão da comunicação. No entanto, se assim como o Brasil, a sua empresa também é burocrática e incompetente, a tecnologia não será aproveitada em todo o seu potencial. E em alguns casos pode até representar um retrocesso – desde um sistema complexo implantado para alguém que mal anotava no caderno, até o Facebook para quem não sabe escrever nem se comportar direito.