Uma reportagem do Jornal Nacional mostrou o preocupante
cenário do roubo de celulares no Brasil. Aproximadamente 3 mil celulares são
bloqueados por dia no País – o proprietário pede o bloqueio para que ele não
seja usado pelo bandido. Alguns, resignados e já cansados de tanta falcatrua em
todas as partes, nem bloqueiam o aparelho perdido. Ou seja: é bem provável que
o número de aparelhos roubados seja ainda maior. No máximo agimos como o Chaves,
que foi à igreja rezar para que o ladrão (o Senhor Furtado) se arrependesse e
devolvesse o ferro de passar da Bruxa do 71.
No passado recente, o medo era ter a carteira roubada. Esse
tipo de ladrão sempre foi chamado de batedor de carteira. E o ladrão de
celulares, já tem um apelido?
Minha irmã mora em Florianópolis e prefere não ter um
celular muito bom. O medo de perder o investimento existe, mas é secundário. O
medo maior é despertar a atenção dos ladrões. É passar pelo trauma de um
assalto.
Perceba o dilema, caro leitor: não se pode usufruir
totalmente de um benefício da tecnologia – ele precisa ser utilizado com
cautela, já que a segurança pública não nos permite comprar, pagar e usar um
celular aonde e quando a gente quiser.
Talvez em cidades pequenas o sumiço de smartphones não seja
um problema tão grave. Mas vamos para uma tecnologia ainda mais cara, e que nos
preocupa ainda mais: os automóveis. Também temos medo de usá-los. E nesse caso,
o medo maior por aqui nem é o roubo: são as estradas destruídas. E nessa conta
também entram os estacionamentos lotados e os congestionamentos.
E assim, em qualquer lugar, as necessidades de ir e vir e de
se comunicar são impedidas. Reflexos da corrupção, da burocracia, da
incompetência: sem infraestrutura e segurança, a tecnologia não anda.
E uma reflexão: será que a tecnologia traria boas soluções
para sua empresa? Eu acredito que sim – especialmente na questão da
comunicação. No entanto, se assim como o Brasil, a sua empresa também é
burocrática e incompetente, a tecnologia não será aproveitada em todo o seu
potencial. E em alguns casos pode até representar um retrocesso – desde um
sistema complexo implantado para alguém que mal anotava no caderno, até o
Facebook para quem não sabe escrever nem se comportar direito.