quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A situação e a inteligência

Eu buscava no Google o termo “situações ambíguas” e caí, por acaso, numa entrevista sensacional da Revista Época Negócios do ano passado. O entrevistado é Sérgio Averbach, presidente da Korn/Ferry Internacional para a América Latina.

Na entrevista, ele critica o conceito de “inteligência emocional” como único fator de desenvolvimento profissional. A ideia central da inteligência emocional é de que não basta você ser uma pessoa inteligente: você precisa saber controlar os seus impulsos. O conceito ficou famoso em 1995, ano de lançamento do livro “Inteligência Emocional”, de Daniel Goleman. O autor afirmava que o sucesso, em qualquer área de atuação, dependia de 20% de QI e 80% de QE (quociente de inteligência emocional). Não demorou para o termo entrar no mundo corporativo.

Para o entrevistado, no entanto, a inteligência emocional não é a solução de todos os problemas. Ela é uma de um repertório de competências emocionais e competências de influência. As emocionais são a empatia, humildade, compostura, confiança, entre outras. Já o outro grupo, segundo Averbach, é formado pela capacidade de “aprender como influenciar pessoas, e influenciar para o bem.” Manipular é outra história.

Essa influência começa com a busca por informação. O líder ampara a tomada de decisão nas informações que possui. Ele não pode decidir coisas importantes sozinho, com base apenas na hierarquia ou na própria experiência. De acordo com Averbach, o líder precisa conversar com o chão de fábrica, com os vendedores. “O líder tem de ter o pulso do que está acontecendo. Se ele não vai direto à fonte, a informação vem truncada.” 

Outra questão interessante: toda competência tem um ponto ideal. Mas as pessoas acreditam que quanto mais alguém tiver determinada competência, melhor. Vejamos: é benéfico ser extremamente humilde? Pode ser tão prejudicial quanto ser arrogante. Ou: você é um gerente que fiscaliza tudo, ou que simplesmente não acompanha o desempenho da equipe? Achar o ponto ideal entre os extremos das habilidades é o desafio.

Minha busca inicial era sobre situações ambíguas. O entrevistado dá um exemplo que une os dois conceitos: “Você recebe orientação de uma pessoa e daqui a pouco recebe orientação de outra. Quem tem baixa inteligência emocional vai estourar.” 

E quem tem equilíbrio emocional vai tentar resolver.