O problema de um processo tão simples é o risco de ele ser ignorado na sua despretensão. Sua maior contribuição é a seguinte: para haver comunicação é preciso que esse ciclo seja completo. Isso quer dizer que não basta alguém (uma empresa, por exemplo) falar: é preciso que alguém ouça e reaja a essa mensagem. No entanto, cada vez mais, sobram emissores e faltam receptores.
Hoje em dia o emissor atira suas mensagens ao acaso. Se der sorte, algum ouvinte ou leitor desavisado se torna um receptor. Essa atitude comunicativa impensada e quase mecânica é característica, por exemplo, das redes sociais.
Mas tem aquela história: nós moldamos as ferramentas e elas nos moldam. Por exemplo, o hábito de falar sem destino e de modo inconsequente no Facebook acaba contaminando as pessoas quando elas se comunicam em situações, digamos, físicas.
É um hábito que vai ficando impregnado no emissor. Ele esquece de quem está ouvindo. E assim eventualmente humilha, ofende... mas tudo sem querer, impensado. De fato ele nem falou por maldade. Ele não percebeu e nem queria dizer o que disse.
A tecnologia nos levou ao ponto de ignorarmos que, para existir comunicação, precisa haver um receptor definido. Nos tornamos um bando de emissores solitários e desesperados para ser ouvidos. Mas o conteúdo não é customizado, e o ruído se tornou a mensagem propriamente dita.
Logo, cuidado se você é um emissor e não sabe exatamente quem é o seu público. Você pode falar uma grande bobagem e magoar, ofender, afastar. Eu andei errando assim ao falar em público. Sinto muito.