terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

De carona com a polêmica

O beijo gay do último episódio da novela das nove repercutiu bastante no Facebook. Foi a primeira vez que dois homens se beijaram em uma novela da Globo. O desfecho da trama teve 44 pontos de audiência, e o Ibope calculou que 7 em cada 10 televisores ligados no Brasil estavam sintonizados na novela. 

E como aconteceu essa repercussão na internet? Em geral, pessoas enaltecendo o amor livre, criticando o preconceito, celebrando a cena como um avanço na luta pela igualdade. Justo. No entanto, será que quem apoia os homossexuais (segundo o IBGE, 10% da população brasileira é homossexual) está realmente pensando no bem deles ou quer apenas aparecer e parecer uma pessoa sem preconceitos, moderna e descolada?

As manifestações do ano passado geraram um fenômeno semelhante: pessoas celebrando os acontecimentos para turbinar a própria popularidade. Pau na polícia, nos políticos, no “sistema”, ou “em tudo isso que está aí”. Mesmo sem saber exatamente o que acontecia, era a oportunidade de aparecer no Facebook. (Em tempo, uma pergunta para quem regozija em frente à TV ao ver as ações dos black blocs da vida: você não se sente nem um pouco constrangido com a morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade?)

Não é raro ver pessoas apelando para a difamação, mesmo sem conhecer ninguém com opinião divergente. E para isso o Facebook é ideal: o pensador moderno lança suas ofensas à esmo, na expectativa de algum reconhecimento. Sem perceber, acaba atingindo pessoas que, em silêncio, simplesmente discordam. 

De qualquer modo, convenhamos: as pessoas falam e opinam sobre as polêmicas que quiserem. É o preço justo que a liberdade de expressão cobra. Mas eventualmente, esse emissor inconsequente pode também sofrer consequências.

E aqui chegamos no ponto principal deste texto:  por que “personalidades” manifestam opiniões extremas sobre assuntos que não entendem e que não são relacionados com suas atividades?

Pense no seu público, caro empresário: será que pessoas que discordam drasticamente de você vão ignorar seu radicalismo virtual e, mesmo assim, frequentar a sua loja? Um dado interessante, quem sabe estratégico: segundo o Datafolha, a população brasileira, apesar de tolerante, apresenta fortes posições conservadoras. Sabendo disso, como você se comunica?

Em meio a tanta opinião compartilhada, a melhor maneira de respeitar a convicção e o sentimento alheio é permanecer em silêncio. E longe do computador.