terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os introvertidos – parte 1

Carl Jung tornou famoso o conceito de extroversão e introversão. Ninguém é 100% um ou outro: você se encontra em algum ponto entre os opostos. E dependendo da situação, as pessoas se comportam de modo mais sociável ou de modo mais reservado.

Um exemplo: lembra daquela pessoa que vivia incomodando no Facebook e de repente desapareceu? O que pode ter havido?

No livro “O poder dos quietos” a autora Susan Cain questiona esse nosso desejo de querer parecer extrovertido o tempo todo. 

A autora traça um paralelo histórico: quando a vida acontecia no campo, onde todos se conheciam, o importante era desenvolver o caráter: ele que gerava respeito e admiração da pequena comunidade. Com a formação de cidades e grandes centros, a questão é ter uma personalidade que encante a multidão. Ser extrovertido virou pré-requisito do sucesso.

Segundo a autora, pelo menos uma em cada três pessoas nos EUA são majoritariamente introvertidas. São pessoas que preferem ambientes calmos ou momentos de solidão para fazer aquilo que gostam. Elas evitam os holofotes.

No entanto os extrovertidos são mais admirados: eles desfilam nos palcos do mundo (real e virtual), conversam com qualquer um, não se inibem diante de olhares estranhos. E o introvertido se sente culpado por não conseguir se comportar dessa maneira. Às vezes até acredita que há algo de errado com ele. Pior: as pessoas falam que ser assim, reservado, é um problema. Uma barreira a ser superada para ser feliz.

Por isso o introvertido não "se assume". Ele sente que destoa do padrão comportamental moderno. Criam-se, assim, introvertidos enrustidos, que escondem dos outros e negam a si mesmo aquilo que são: socialmente inseguros talvez, mas reflexivos, sensíveis, criativos, estratégicos. Escondem no fundo de sua personalidade qualidades notáveis porque não são essas as qualidades que eles almejam.

E a pessoa que sumiu do Facebook? Aquela personagem virtual não era ela: era apenas um avatar implorando para ser percebido. Mas chega um momento em que o falso extrovertido percebe que sua personalidade não deveria ser construída socialmente: essa é uma reflexão solitária. 

Quem sabe um introvertido possa ajuda-lo.


Obrigado, leitor!