terça-feira, 17 de setembro de 2013

O paradoxo da escolha – parte 2

Há alguns dias um amigo relatou a experiência exaustiva de escolher um presente para uma criança. A quantidade de modelos de brinquedos complicou a decisão de compra: e se ela não gostar? E se ela já tiver um desses? E se eu comprar um barato, o que os pais vão pensar?

A revista Época, na matéria “Escolha menos e viva melhor”, traz uma experiência da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos: 58 pessoas que faziam compras em um shopping foram convidadas a resolver problemas matemáticos. O resultado: aqueles que visitaram mais lojas antes dos testes tiraram as piores notas e se concentraram menos. Se a dúvida nos consome em casa ao provar roupas em frente ao espelho, imagine o esforço mental quando é preciso escolher e pagar pela roupa nova.

Dizem que Barack Obama tem disponível apenas duas opções de terno para trabalhar: cinza e azul-escuro. E além do roupeiro simplificado, ele conta com centenas de assessores para decidir questões menos relevantes. Em entrevista à revista Vanity Fair ele afirmou o seguinte: “Já tenho decisões demais para tomar ao longo do dia. Você precisa dar foco a sua capacidade de escolher. Precisa criar rotinas. Não pode levar o dia distraído por questões menores.”

Segundo os especialistas ouvidos pela revista Época, também precisamos encontrar pessoas que possam tornar a nossa rotina mais automática. Se para você é um dilema escolher um modelo de celular, para algum amigo ligado em tecnologia será um prazer. Se você confiar nas decisões das pessoas, além de fortalecer o laço afetivo, poupará tempo e capacidade de raciocínio. Tanto na vida pessoal como no trabalho.

E mais: perdemos muito tempo hesitando entre alternativas equivalentes. Se você comparar o provável resultado de duas ou mais opções, na maioria das vezes não terá como medir. Aonde ir, o que comer, o que vestir, o que fazer, o que falar, o que escrever: você não consegue, de antemão, calcular as consequências e avaliar a satisfação. Mas mesmo assim fica exausto de tanto pensar em como agir.

O mais grave da quantidade de escolhas da vida moderna não é a perda de tempo: é o esgotamento mental. Lembre-se: o poder decisório do ser humano é limitado. Se você não priorizar o que é importante, vai continuar a matutar se escolhe a picuinha ou o mesquinho. E depois de escolher, vai se sentir arrependido e cansado.