O governo federal considera de classe média o cidadão com renda mensal mínima de R$ 291,00. A renda máxima é de R$ 1.301,00. Se você ganhar mais do que isso, é classe alta. Se ganha menos, é pobre. De acordo com estes critérios, 53% da população brasileira pertence à classe média. Sendo esta a medida, a reportagem conclui que 65% dos moradores de favelas do país estariam enquadrados na classe média.
Amparada em estudos internacionais, a consultoria Ernst & Young define uma classe média global: seria um cidadão com rendimento diário entre 10 e 100 dólares. Se este critério fosse aplicado ao Brasil, nossa classe média encolheria para 41% da população, e 58% seria pobre (renda abaixo dos 10 dólares por dia).
A China faz milagre estatístico semelhante: de acordo com critérios oficiais, 62% da população chinesa é de classe média. De acordo com o parâmetro da Ernst & Young, apenas 11% dos chineses seriam classe média, e 77% seriam pobres.
Há alguns anos se fala no poder de consumo da nova classe média. Ela quer viajar, estudar, e exige novos produtos e serviços. O difícil é fazer isso com um salário mínimo. Ou com meio, como sugere a classificação oficial da classe média. Resultado: endividamento.
Para o empresário com público-alvo na classe C, a sugestão é segmentar essa classe média oficial. Na época da definição, o próprio governo estabeleceu a baixa classe média (renda familiar per capita entre R$ 291 e R$ 441), a média propriamente dita (de R$ R$ 441 a R$ 641) e a alta (risos?) classe média (entre R$ 641 e R$ 1.019).
E quanto a você leitor, que se considerava pobre, humilde e batalhador ganhando mil e meio por mês? De acordo com as estatísticas você é um privilegiado. Você é da burguesia. Quem sabe você forme a tal “elite” que o Lula culpava por todas as mazelas do país. É você quem protesta ou os protestos das ruas são contra você?
Estou brincando. Você é apenas uma estatística equivocada.