terça-feira, 13 de agosto de 2013

Só os nobres vencem?

Você conhece um empresário rico? E você conhece algum empresário rico porém notório ganancioso, mau-caráter, picareta? Não precisa responder. Ao final do texto volto a essas questões.

Todo mundo quer montar um negócio. Exagero: para ser mais preciso, pesquisa recente do Ibope aponta que 76% dos brasileiros sonham em empreender

No entanto os motivos que essas pessoas encontram para montar uma empresa nem sempre são nobres: ela quer se distanciar do chefe, ou não quer mais acordar cedo, ou não quer trabalhar muito mas pretende ganhar dinheiro fácil. Ou seja: tudo aquilo que o empresário calejado sabe se tratar de utopia de amadores. 

O empreendedorismo é encarado como um lance de sorte. Não raro o empreendedor frustrado transfere a responsabilidade do fracasso para terceiros, ou para caprichos do destino. Para piorar, na concepção do negócio, esse empreendedor, míope pelo otimismo, só enxerga exemplos fantásticos de empresários que enriqueceram.

E numa combinação desastrosa de oportunismo com falta de oportunidade, empresas nascem destinadas a fracassar, já que não resolvem problemas nem melhoram a vida das pessoas. Sem falar em questões técnicas como planejamento e finanças.

Talvez não seja um motivo apontado pelas estatísticas, mas a falta de valores e de propósitos assusta. Empresas nascem com o intuito único de ganhar dinheiro. Não há nenhum crime nisso, mas me parece faltar alguma coisa. Falta, talvez, um sentido de ser que cative as pessoas e a comunidade que se pretende atender. 

O empreendedor realmente precisa olhar em volta e procurar oportunidades. Mas e quando ele olha para dentro, o que ele vê? Será que ganância e oportunismo são compatíveis com sucesso e longevidade empresarial? Meu receio nem é a compatibilidade: parece que a nossa cultura empresarial não apenas aceita – ela fomenta essas características.