Um exemplo recente é a discussão sobre o aumento da fatia do PIB destinada à educação. O Brasil investe quantidade semelhante à dos países com melhores níveis educacionais. Estamos, no entanto, ao final de todos os rankings de qualidade na educação. Será que aumentar os recursos da educação para 10% do PIB (hoje são 5,7%) vai gerar melhora no ensino?
Questão semelhante pode ser aplicada ao mercado de trabalho: aumentar a remuneração de um funcionário garante que ele vai trabalhar melhor?
Em geral a remuneração só impulsiona tarefas que exigem habilidades mecânicas. Exemplo: se você oferecer um aumento de 50% na remuneração o contratado vai acabar de carpir todo o lote ainda hoje! A tarefa já está definida, basta acelerar – nesses casos, o dinheiro realmente faz milagres.
Mas e se for preciso ser criativo e solucionar problemas? Será que o dinheiro possui a capacidade mágica de aumentar a competência?
Uma provável resposta é uma variação do clássico “problema da vela”. Uma vela deve ser presa a uma parede de madeira, e você tem uma caixa de tachinhas e outra de fósforos para fazer isso. A solução é esvaziar a caixa de tachinhas e prender a caixa na parede, servindo de suporte à vela. Difícil é enxergar a caixa como suporte.
Pois bem: esse mesmo teste foi aplicado a dois grupos: um recebeu uma remuneração para resolvê-lo e o outro não. O grupo remunerado apresentou desempenho inferior. Se você fizer uma rápida pesquisa na web encontrará vários estudos nessa mesma linha, demonstrando que, quando a tarefa exige habilidades cognitivas, o dinheiro é um péssimo motivador.
Resumindo: a simples aplicação de dinheiro não melhora a qualidade. E nem sempre o resultado é apenas dinheiro desperdiçado: é grande a chance de piorar o que já era ruim.
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