terça-feira, 30 de abril de 2013

O capataz pós-moderno


Jordan Cohen relata, no blog da Harvard Business Reviewa marcante experiência de ganhar seu primeiro terno, aos 12 anos. Seu pai foi com ele até a loja, escolheram o modelo e o alfaiate começou a fazer os ajustes.

Seu pai era um empresário do ramo dos tecidos: observando o filho em frente ao  espelho, ele sinalizava com a cabeça quando não gostava do resultado. E mostrava ao alfaiate aonde, no paletó, o caimento não lhe agradava.

Depois de várias idas e vindas, o terno ficou perfeito. Na volta para casa, o filho perguntou ao pai: “Por que você não disse logo ao alfaiate o que ele deveria fazer?” A resposta foi, para o autor, uma lição de vida. Para nós, uma estratégia de gestão de pessoas.

Seu pai respondeu: “Se eu falasse para ele o que fazer, ele faria exatamente o que eu iria pedir. Se não ficasse bom, ele diria: ‘Mas eu fiz exatamente o que você mandou!’ Por outro lado, explicando para ele o resultado que esperávamos, ele se torna responsável pelo seu próprio trabalho”.

Consideramos bons gestores aqueles que detalham para o funcionário cada tarefa. São considerados melhores ainda aqueles que dedicam ainda mais tempo fiscalizando se o trabalho está sendo realizada de acordo com o que ele mandou.  É um modelo arcaico e ineficiente de gestão. 

Um gerente precisa comunicar à sua equipe os objetivos da empresa, e deixar o bom funcionário desenvolver alternativas. Para atingir maior desempenho é necessário preservar essa autonomia produtiva do funcionário. O gestor, nesse cenário, é um orientador, um facilitador, um guia.

O autor cita um estudo científico que relaciona a maior produtividade à liberdade de ação. Quando o funcionário recebe ordens para executar cada tarefa específica, sem vislumbrar o todo em que sua atividade está inserida, ele perde eficiência.

Nosso gerente ainda é um temido capataz de chicote em punho. Recomendo cuidado: a Princesa Isabel pode em breve abolir o seu cargo.