Um fato ocorrido no último
jogo entre Bahia e Vitória serve de ilustração para um ponto crucial dos
negócios: a avaliação de oportunidades e de ameaças.
Primeiro a oportunidade: o
cantor Carlinhos Brown e alguns sócios desenvolveram uma espécie de chocalho
chamado caxirola. O “instrumento musical” já existia, mas feito de modo
artesanal. Brown & Cia industrializaram.
A ideia era vendê-lo durante
a copa do mundo de 2014. O raciocínio: já que na copa da África de 2010
existiam as vuvuzelas, por que não criar algo tupiniquim para atazanar os
jogadores e a torcida? Cada unidade do chocalho custaria aproximadamente 30
reais. Projetando um volume de vendas nada modesto de 50 milhões de unidades,
Carlinhos Brown vislumbrou um negócio de 1,5 bilhão de reais.
Detalhe: a presidente Dilma e
alguns de seus ministros ficaram encantados com a ideia: uma manifestação cultural
para o mundo admirar.
Qual seria a ameaça? Que atirassem
o objeto na própria torcida ou nos jogadores, mesmo sendo leve e incapaz de
ferir alguém gravemente. Carlinhos Brown utilizou o jogo entre Bahia e Vitória
para lançar o produto. Revoltada com a goleada sofrida, a torcida do Bahia
arremessou suas caxirolas no gramado.
Resultado: a FIFA,
preocupada, já estuda proibir o artefato durante a Copa. E a caxirola virou piada em todas as mídias.
Outro detalhe: já era uma
tradição dos torcedores africanos soprar a vuvuzela. Eles imploraram para que
a FIFA liberasse o buzinaço durante os jogos da Copa de 2010. Já a tal caxirola
não é um hábito ou uma tradição do torcedor de parte alguma do Brasil.
Existia uma manifestação
cultural nos nossos estádios, mas foi proibida: a cerveja. Na abstinência, torcedor,
troque o copo pelo chocalho.
Oportunidades geram
entusiasmo, e o entusiasmado costuma ignorar as ameaças. É uma miopia que deve
ser corrigida por quem pretende investir: é preciso listar tudo que pode dar
errado e antecipar soluções e alternativas. Seja você um empreendedor ou só
mais um oportunista.
Abaixo, Carlinhos Brown ensina como torcer com a caxirola: