quarta-feira, 10 de abril de 2013

O meio é a mensagem


Pessoas com idade entre 18 e 29 anos enviam ou recebem aproximadamente 100 mensagens de texto por dia (Facebook, e-mail, celular). Dessa centena, quantas se destacam ou são relevantes? Quantas são arquivadas ou lembradas no dia seguinte?

Por outro lado, o Serviço Postal americano divulgou em sua pesquisa anual que, em 2010, os lares de lá receberam, em média, uma carta pessoal a cada 7 semanas. Leitor: você recebeu uma carta em 2013? E em 2012? Em geral encontramos na caixa postal apenas contas para pagar e propagandas de supermercado.

O fato é que não só as cartas desapareceram, mas qualquer mensagem escrita à mão. É obvio que a tecnologia melhora e facilita a comunicação. Mas nesse cenário online, o gesto de escrever, dobrar, colar e enviar adquire significado único: é algo raro, especial e que desperta a atenção. O ato de enviar algo escrito e assinado gera valor: o remetente ignorou a facilidade do e-mail, e resolveu dedicar tempo ao destinatário.

A fotografia é outra vítima da tecnologia. Temos milhares de fotos arquivadas e esquecidas no computador, mas dedicamos especial atenção aos álbuns enfileirados na estante. Bendita seja a tecnologia, mas admitamos: o filme morreu, o retrato foi banalizado. Que tal imprimir uma foto especial e escrever algo simples no verso ao invés de anexá-la no e-mail?

Do mesmo jeito que as fotografias reveladas, as cartas e cartões adentram a posteridade. Pergunta: você ainda guarda uma cartinha de amor (a ilusão do amor é o amor propriamente dito) da escola? Você ainda tem aquele cartão postal, aquele cartão de aniversário ou de Natal? Ou: que fim deram às mensagens de texto do celular velho? Que boi comeu os depoimentos do Orkut?

O meio é a mensagem. Logo, se a mensagem é importante e você não quer que ela desapareça na enxurrada de comunicados online, opte por um jeito belo e arcaico de se comunicar. 

Quantas palavras de amor
Morrem
No apontador.
Millôr