Pessoas com idade entre 18 e 29 anos enviam ou recebem aproximadamente 100 mensagens de texto por dia (Facebook, e-mail, celular). Dessa
centena, quantas se destacam ou são relevantes? Quantas são arquivadas ou
lembradas no dia seguinte?
Por outro lado, o Serviço Postal americano divulgou em sua
pesquisa anual que, em 2010, os lares de lá receberam, em média, uma carta
pessoal a cada 7 semanas. Leitor: você recebeu uma carta em 2013? E em 2012? Em
geral encontramos na caixa postal apenas contas para pagar e propagandas de
supermercado.
O fato é que não só as cartas desapareceram, mas qualquer
mensagem escrita à mão. É obvio que a tecnologia melhora e facilita a
comunicação. Mas nesse cenário online, o gesto de escrever, dobrar, colar e
enviar adquire significado único: é algo raro, especial e que desperta a
atenção. O ato de enviar algo escrito e assinado gera valor: o remetente
ignorou a facilidade do e-mail, e resolveu dedicar tempo ao destinatário.
A fotografia é outra vítima da tecnologia. Temos milhares de
fotos arquivadas e esquecidas no computador, mas dedicamos especial atenção aos
álbuns enfileirados na estante. Bendita seja a tecnologia, mas admitamos: o
filme morreu, o retrato foi banalizado. Que tal imprimir uma foto especial e
escrever algo simples no verso ao invés de anexá-la no e-mail?
Do mesmo jeito que as fotografias reveladas, as cartas e
cartões adentram a posteridade. Pergunta: você ainda guarda uma cartinha de
amor (a ilusão do amor é o amor propriamente dito) da escola? Você ainda tem
aquele cartão postal, aquele cartão de aniversário ou de Natal? Ou: que fim
deram às mensagens de texto do celular velho? Que boi comeu os depoimentos do
Orkut?