Com seu método de pesquisa, Esther Duflo
conquistou a admiração de Bill Gates, criador da Microsoft e notório
financiador desse tipo de estudo: consta que ele já doou mais de U$$ 20 bilhões
a iniciativas sociais.
Um bom exemplo introdutório: nos anos 90, o
economista Michael Kremer demonstrou que a distribuição gratuita de livros em
escolas rurais da África não melhorava o desempenho. Não é preciso nem entrar
no mérito da qualidade das publicações.
Algo semelhante por aqui é a falácia de que, se
distribuirmos tablets e notebooks, a educação melhora. O que aumentaria, sem
dúvida, é a propagação de bobagens em redes sociais. Não existem soluções
fáceis para problemas complexos.
A pesquisas de Esther Duflo seguem essa
lógica de avaliação, porém emulando procedimentos de testes clínicos: a mesma
população é separada em duas amostras. Uma delas é submetida à solução proposta
para determinado problema e, a outra metade, permanece como está.
Duflo percebeu a importância do
comportamento das pessoas para alcançar a eficiência. Um exemplo: na Índia,
mesmo de graça, as crianças não eram vacinadas. Com um pequeno incentivo – um
pacote de lentilhas – as vacinações foram um sucesso (Alunos: alguma relação
com o comportamento do consumidor no incentivo ao feedback do pós-venda?).
Duflo constatou também os problemas da
oferta de crédito para famílias pobres: em geral, elas ficam ainda mais
endividadas, pois o dinheiro recebido não costuma estimular o empreendedorismo...
E como adotar métodos científicos para o mercado,
para o ensino, para as políticas públicas? Até nossas pesquisas, que deveriam
trazer a luz, são pouco científicas, carentes de método e objetivo. Apenas
refletir e buscar similaridades em trabalhos como o de Esther Duflo já é um
alento para o nosso amadorismo.