terça-feira, 24 de julho de 2012

Um estudo sobre a mentira e uma mentira estudada


Um estudo de pesquisadores britânicos (aqui, na Veja.com) concluiu que desviar o olhar não é um sinal confiável para indicar que a pessoa está mentindo.  Nos anos 1970, essa suposta relação entre o desvio do olhar e a mentira foi generalizada em estudos de programação neurolinguistica. E, como uma praga, as “técnicas” de interpretação dos sinais emitidos pelas pessoas se espalharam.

E aonde essa metodologia capenga de interpretação chegou? Ao departamento que deveria ser o mais importante de uma empresa: o RH, ou recursos humanos, responsável pela seleção e contratação de funcionários. É o mesmo setor responsável pelas práticas burocráticas que já conhecemos (mais aqui, neste mesmo blog).

As entrevistas de emprego utilizam muito a linguagem corporal como parâmetro de avaliação. Uma comunicação não-verbal que demonstre inquietação, nervosismo ou supostas mentiras pode ser fatal para o candidato.  Ou seja: além de um bom perfil profissional e de um bom currículo, o candidato não pode errar na interpretação. O bom candidato é também um bom personagem, que agrada o psicólogo inquisidor.

O próximo passo, segundo os pesquisadores, é descobrir por que esses conceitos, apesar de pouco confiáveis, foram tão difundidos. Eu também gostaria de saber e encaminhar a resposta para o departamento de Recursos Humanos.