quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Quem você não é

Para manter o foco, você precisa saber o que você não é. Essa lição é de Michael Porter, a maior referência de planejamento e estratégia em negócios.

Mas em tempos de crise (como o atual momento, não por acaso) muitas empresas perdem o foco: o caixa está precário, e elas então fazem qualquer negócio para aumentar o faturamento. Começam a oferecer produtos e serviços nos quais não são referência, muito menos especialistas.

Ok, em tempos de crise, é preciso manter o foco. Mas aí tem um detalhe: manter o foco é entregar aquilo que você sabe fazer para um público que precisa e quer trocar dinheiro pela sua especialidade. No entanto, algumas empresas acreditam que manter o foco é insistir no erro: continuar fazendo um esforço tremendo para empurrar algo que o mercado não precisa. As vezes o produto até é interessante: mas a sua cidade pequena possui público suficiente? Ou é impossível gerar demanda? Reflita, e se for o seu caso, comece de novo. Lamentar e treinar vendedores não resolve.

Retomando: nesses momentos de crise, os especialistas se destacam. Os generalistas, que tentam fazer de tudo um pouco, costumam ter dificuldades – já que o cliente, na crise, fica mais seletivo, mais racional no momento da compra.

Outro parênteses: mesmo sendo mais racional em momentos difíceis, toda e qualquer compra tem muito de emocional. Ouvi a seguinte frase em um treinamento na Disney no começo do ano, e não vou esquecê-la: “o coração fica mais próximo do bolso do que a cabeça!” Por isso, em tempos de crise, reforce o vínculo emocional com o seu público. Mostre que você se importa. Mostre seus valores. Caso contrário, a única coisa que o cliente vai levar em consideração é o preço que você cobra.

Voltando: a crise pode ser o momento para refletir. Pergunte-se: o que estou fazendo que deveria ser descontinuado? O problema é que muitas das nossas pequenas empresas não possuem esse controle. Não sabem exatamente de onde vem a receita, ficando difícil definir o que precisa ser excluído do menu de produtos e serviços.


Ao invés de atirar para todos os lados, é melhor abrir mão do que atrapalha ou é irrelevante e focar ainda mais no essencial. Não por acaso, parar de fazer o que não deveria ser feito é o primeiro passo para a inovação.