O panorama: um funcionário de 18 ou 20 anos está conectado e online desde que saiu da infância. Em muitos casos, ele é referência dentro de casa, pois ele é a pessoa que mais consome informação. Ele é a pessoa que mais interage com outras pessoas.
Por isso, hoje em dia é normal a filha ensinar a mãe a se vestir. Ou o filho explicar ao pai as funcionalidades das máquinas. E isso obviamente altera as relações e a hierarquia familiar. Informação é poder.
Há poucas décadas, isso era impensável. A palavra final era do pai, soberano à mesa, dono da coxa e da sambiquira. E em algumas empresas, isso ainda acontece: a palavra final é do chefão. Ele quer que os funcionários obedeçam. Como era normal no passado. Mas ele reclama que os jovens de hoje perderam o respeito. E ele quer ensiná-los a andar na linha, seguir ordens, ter comprometimento. Ele quer domesticar uma criatura diferente da que ele foi no passado.
E esse é o problema: estamos tentando adaptar um ser humano novo, diferente, na estrutura organizacional criada há décadas. Um modelo militar obsoleto, que só produz resultados medíocres e funcionários insatisfeitos. E que gera as batalhas diárias entre chefes e subordinados.
É claro que os jovens tem seus defeitos. Eles precisam de ensino, apoio e orientação. O que eu combato, no entanto, é esse esforço imenso que se faz para enquadrá-los em empresas onde a hierarquia decide tudo. A empresa moderna precisa colocar as boas ideias acima dos cargos estabelecidos.
Para concluir, uma breve história. O biógrafo de Walt Disney foi encontra-lo em um restaurante da Disneylândia. Chegou mais cedo, sentou numa mesa, mas viu que Walt já estava lá, conversando com um grupo de garçons e faxineiros. Quando Walt viu o escritor, veio até ele, e o escritor disse que não quis interromper, pois achou que Walt estava em meio a alguma reunião. E Walt respondeu que estava só conversando, entendendo o ponto de vista dos seus funcionários. O biógrafo ficou surpreso, e Walt Disney explicou: “Eu nunca sei de onde a minha próxima grande ideia pode surgir.”