quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os maus pagadores

Um tipo de comentário tem me deixado intrigado: aqueles que se fazem sobre os maus pagadores. Todos já ouvimos falar em picaretas famosos. Golpistas ligeiros à procura do próximo incauto. Pessoas que simplesmente somem, e que parecem nem se preocupar em honrar compromissos. Mas e quando acontece com pessoas boas, ou pelo menos, com pessoas que não estão mal intencionadas? Por que as vezes elas também deixam de pagar?

Percebo com frequência esse cenário na prestação de serviços. E comecei a questionar o porquê desse problema quando vi acontecer com uma pessoa mais próxima: uma pessoa boa, honesta, mas que começou a ser vista como um caloteiro. O que será que houve?

Quando ouço os dois lados, sempre tenho a mesma percepção. Por um lado, a pessoa que prestou o serviço, indignada que não recebeu o pagamento. E do outro lado, o cliente, que fala que o serviço prestado não correspondeu, que não era aquilo o combinado. E por isso se recusa a pagar pelo que recebeu. Foi essa também a alegação dessa pessoa que eu conheço.

O que me parece que pode reduzir esse tipo de inadimplência: o prestador de serviços deve deixar bem claro o que será feito. Formalizar, colocar no papel. Ele precisa identificar a situação atual e mostrar ao cliente o que ele vai fazer. Qual é o problema que ele vai resolver. Como as coisas vão ser quando ele terminar o serviço. O que acontece, no entanto? Muitos prestadores de serviços são muito informais, e até amadores. O discurso velado é mais ou menos assim: “Vamos ver o que vai dar, depois acertamos”.

E na ânsia de vender, muita coisa é prometida. E quando se promete, é gerada expectativa. Vale lembrar que a satisfação não depende apenas do serviço realmente prestado – depende também da expectativa que você gerou. Se eu prometer um serviço fantástico, excepcional, e entregar um serviço bom, a satisfação do cliente despenca. Por isso, o recomendável é não prometer muito. E se você está precisando prometer demais para fechar uma venda, há algo de errado com o que você vende – o problema não é a meta, nem o vendedor, nem o cliente.

Percebe-se então que, em casos assim, a inadimplência é muito mais um problema de comunicação do que de dinheiro.