quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sua grande ideia é um fardo

Costumo ouvir muitas ideias. É uma extensão natural do trabalho de consultor de empresas ou de professor de marketing. Ideias de novos negócios, de como melhorar uma empresa, de como vender mais, de como mudar tudo isso que está aí. Todo mundo tem muitas ideias. E acredite, leitor: muitas dessas ideias parecem ser realmente boas.

Mas aí vem o problema: como ter certeza de que a ideia é boa? Enquanto ela permanecer na cabeça do seu criador, fica impossível testar sua viabilidade. Mas existe outro mistério: se todo mundo possui tantas ideias, por que tão poucas vingam?

Um fato: todo mundo é criativo. Todo mundo consegue sonhar grande. Mas é uma minoria que transforma sonhos e planos em realidade. Sonhar e imaginar não dá trabalho: pode ser feito na cama, antes de dormir. Pode acontecer durante o trabalho chato. Mas fazer acontecer dá trabalho: exige dedicação, exige abrir mão de algumas coisas. Exige assumir riscos.

Por isso, quando ouço essas ideias grandiosas, faço minha parte: oriento que a pessoa compartilhe e teste essa ideia, ou que esqueça, que tire ela da cabeça. Não fique anos sonhando com algo que você não sabe se vai realizar. Porque o tempo vai passar, você não vai executar, e essa ideia vai te incomodar todos os dias: antes de você dormir, e ao acordar reclamando que precisa ir trabalhar.

E não precisamos ir tão longe: as pequenas ideias também precisam ser confrontadas e testadas. Um exemplo: há alguns dias, eu conversava com um amigo sobre uma ferramenta de marketing que venho desenvolvendo. Entramos no assunto dos cupons de desconto, tão populares em todo o mundo, mas que no Brasil não costumam dar certo. Ele já tentou ações desse tipo em grande escala, e o resultado nunca foi satisfatório. Um outro amigo ouvia a conversa e disse que não usaria um cupom de desconto. Para ele, parece coisa de quem está “quebrado”: ter que juntar cupons para pagar por alguma coisa. É algo cultural: enquanto em alguns países o cupom é uma moeda de troca, por aqui, para algumas pessoas, parece constrangedor apresenta-los na loja.

Resumindo: a ideia, que me parecia tão clara até então, foi confrontada com a realidade de mercado e com o comportamento do consumidor. Mas eu só percebi isso ao compartilhá-la, ao perguntar para as pessoas o que elas achavam. Exponha suas ideias e sonhos: eles se tornarão mais fortes.