quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Preço único: justo e equivocado

Colocar um preço em um produto ou serviço é uma arte. Alguns especialistas em contabilidade dirão que não: em um produto, desde que você tenha seus custos na ponta do lápis, fica fácil definir o preço. Certo, mas pergunto: será que o preço certo para o vendedor é o preço adequado para o mercado? E a concorrência? E a percepção do cliente? Ele vê algum valor no que o produtor vende ou só julga pelo preço? Definir preços, senhores, tem muito pouco de lógica e matemática.

Precificar serviços é ainda mais complicado. Alguns acham que não: como você não tem tantos custos de produção (o principal é o tempo), você pode ser mais flexível e chutar valores. Mas e do ponto de vista mais importante, de quem compra: quanto vale a aula, a palestra, o curso, o treinamento, a consultoria? Ou a consulta, a atividade física, a viagem, a noite de diversão em claro?

Hoje não é permitido que o vendedor estabeleça um preço para compras em dinheiro e outro para compras no cartão de crédito. Um projeto de lei pretende mudar isso. O debate é importante, mas não vai resolver nenhum grande problema comercial. Uma excelente matéria da última edição da revista Época Negócios aborda a questão, e faz uma pergunta bem mais interessante: é justo cobrar um preço diferente de cada cliente? Aqui pode morar a estratégia.

Tabelar preços, hoje, é ultrapassado. No passado foi uma inovação: dizem que em 1840 um varejista de Nova York criou o valor de etiqueta, e atraiu clientes colocando na vitrine de sua loja o preço de cada produto. Até então, o preço dependia da negociação e da cara do cliente. Uma evolução que parece ter chegado ao fim.

Você acha um absurdo dois clientes pagarem preços diferentes pelo mesmo produto ou serviço? Então pergunte, no seu próximo voo, quanto a pessoa ao seu lado pagou. Ou quanto um amigo pagou pelo mesmo celular que você tem. O melhor exemplo da variação de preços é o comércio eletrônico: dependendo de uma série de fatores, o próprio sistema altera o preço de venda. Seria interessante começar a pensar em como sua empresa poderia se aproveitar da chamada autossegmentação de preços: quando o próprio cliente escolhe o quanto vai pagar, de acordo com o momento, benefícios, opcionais e demais variáveis.


O preço único é cômodo e aparentemente honesto com o consumidor. Mas pode estar restringindo a sua capacidade de receita.