quinta-feira, 10 de julho de 2014

A criatividade descoberta

Todo mundo percebeu o quanto as grandes companhias aproveitaram a Copa do Mundo para promover suas marcas. Chega a ser enjoativo, até porque não são apenas as marcas esportivas como Adidas (parceira da FIFA) e Nike que aproveitam o espírito da competição como mote publicitário.

Um banco, por exemplo, criou a música que mais tocou na TV durante o mundial: “Mostra tua força Brasil...” Só uma pergunta, leitor: você enjoou de ouvir a música, mas lembrava que era do Itaú? Talvez este seja o descuido mais frequente da propaganda nos meios de comunicação de massa: criar jingles pegajosos, que ficam na memória em função da repetição, mas que acabam não sendo associados à marca.

A melhor abordagem encontrada (já explico o porquê do termo “encontrar”), na minha humilde opinião, é a da Sadia. Você já deve ter visto o comercial: crianças reclamando que nunca viram o Brasil ser campeão (o último título foi em 2002). E os pequenos imploram para a seleção: “Joga pra mim!” Além da sacada sensacional, a campanha toca a música que já é característica da Sadia – o que ajuda o telespectador a associar a propaganda à marca.

Eu me identifiquei demais com esse apelo infantil. Por exemplo: era o primeiro dia da Copa, e fui buscar meu sobrinho na escolinha. Meia dúzia de meninas estava no alto de um brinquedo, gritando para todos os carros que passavam: “Tio, buzina pro Brasil!”. Eu estava na calçada e me perguntaram (sim, fui chamado de “tio” também) se eu torceria para o Brasil. Fiz uma brincadeira que eu era argentino, e elas ficaram constrangidas. Ri, falei que estava brincando e, enfim, fiquei encantado com a alegria da criançada. E acredito que a Sadia percebeu isso: enquanto os adultos estão críticos e céticos em relação à Copa, as crianças nem desconfiam das obras atrasadas e superfaturadas.

Por isso o termo “encontrar”: as grandes marcas observam oportunidades, tendências, movimentos. Nada se cria por acaso: a boa criatividade publicitária nasce da percepção. O grande criativo observa, ouve, entende um sentimento generalizado e aproveita isso para gerar reconhecimento e associação com a marca. Resumindo: o receptor precisa se identificar com a mensagem para que ela seja eficiente.


Como lição para as nossas pequenas empresas fica o esforço criativo dos grandes para captar a melhor abordagem. O que o seu consumidor quer, sente e pensa, no seu município, no seu bairro? Descubra, interprete e apareça.