quarta-feira, 23 de abril de 2014

O brasileiro improdutivo

A revista The Economist trouxe uma reportagem sobre a produtividade no Brasil: segundo a publicação, a produção por trabalhador não apresentou crescimento nos últimos 50 anos. Os motivos são bem conhecidos.

Em primeiro lugar, os medíocres investimentos em infraestrutura. Parte da produção, por exemplo, é perdida em função de uma logística defasada e cara. 

Em segundo, a péssima qualidade do ensino: mesmo com aumento do gasto público na área de educação, os alunos brasileiros figuram entre os mais fracos do mundo. Consequência óbvia: serão trabalhadores despreparados. E pouco produtivos.

Outro ponto destacado pela reportagem é a gestão deficiente de muitas empresas brasileiras. A revista cita como exemplo a contratação de amigos e familiares ao invés de profissionais mais qualificados. Essa cultura molda o negócio a ponto de destruir qualquer fagulha de inovação.

Esses fatores afetam toda a economia. Mas lembro aqui um agravante: a dificuldade de medir produtividade em serviços ou no varejo. Se você quer saber a produtividade em uma fábrica você pode medir os bens construídos ou acompanhar o desempenho do funcionário. Mas e como indicar o que é produtivo ou não para o prestador de serviços?

Há alguns dias acompanhei o trabalho de um escritório onde se perde muito tempo simplesmente ouvindo os clientes. Alguns casos viram negócio, mas a maioria é para tirar dúvidas e desabafar (e não se trata de um psicólogo).

Uma boa estratégia para evitar essa situação (bastante comum em diversos segmentos) é calcular o quanto vale a sua hora de trabalho. Quanto eu preciso “vender” por dia para, no final do mês, alcançar meu objetivo financeiro? 

É uma maneira de aproveitar melhor o tempo. E isso pode ser aplicado para qualquer funcionário da empresa, estimulando a mentalidade de que tempo, se for medido, é dinheiro. 

Isso pode ajudar, por exemplo, um vendedor/fornecedor a definir quanto tempo ele pode ficar sentado esperando para ser recebido pelo cliente. Ou um advogado a limitar o tempo que passa ouvindo os problemas das pessoas.

E assim ele irá perceber no ato, em cada situação de prestação de serviço, se ele está sendo produtivo ou não. Afinal, ele sabe o quanto precisa valer seu precioso tempo. 

Uma pequena contribuição enquanto a infraestrutura, o ensino e a gestão das empresas não melhoram.