terça-feira, 21 de maio de 2013

Gordo pode. Gorda não

Mike Jeffries, presidente da marca de roupas Abercrombie & Fitch (A&F), não tem medo de parecer politicamente incorreto. Ele já afirmou e continua afirmando para quem quiser ouvir: a Abercrombie não quer mulheres gordas usando sua marca.

Por esse motivo, a empresa não fabrica o tamanho GG (XL) para roupas femininas. As calças também vão apenas até uma numeração baixa, que só servem em mulheres magras. Concorrentes como GAP, American Eagle e H&M (Hennes &Mauritz) nem pensam nisso, e todo ano lançam coleções plus size.

Mike Jeffries justifica que a principal estratégia de divulgação da Abercrombie é selecionar bem as pessoas que ostentam a marca. Eles querem vestir jovens descolados, populares na cidade – e magros. “Nós somos excludentes? Absolutamente! Essas companhias que estão com problemas tentam atingir todo mundo: jovens, velhos, gordos e magros. Mas assim você se torna um lugar-comum.”

Para concluir, uma curiosidade que se tornou a razão deste texto: para homens a Abercrombie não faz restrição de tamanho. Especialistas acreditam que a marca faz isso para servir em atletas, como lutadores e jogadores de futebol americano. Será que é isso mesmo? A Abercrombie faz roupas masculinas grandes só para servir nos bombados?  

A explicação é cliché, mas é um fato da nossa cultura: o padrão de beleza é muito mais “exigido” da mulher. Ser bem sucedida é um detalhe. E essa “cobrança” não é apenas a “sociedade” que impõe: a mulher se martiriza por estar acima do peso preestabelecido. Já o gordo nem tanto: se tiver dinheiro, o sobrepeso não vai influenciar no seu convívio. Culturalmente, do homem se exige, em primeiro lugar, que seja alguém, que não seja um fracassado. Já da mulher se exige, em primeiro lugar, que tenha um corpo bonito.

Assim, arrisco um palpite: ser gordo não é problema para a Abercrombie. O problema é ser gorda. Cruel e simples assim.