Quando foi a última vez que você agradeceu alguém de verdade?
Buscando palavras – exageremos – lá nas profundezas do coração e da alma? Deve
fazer tempo. E provavelmente você pouco ou jamais refletiu a respeito do
significado que esse gesto carrega.
Num texto de fevereiro bastante comentado no blog da Harvard Business Review, o autor Mark
Goulston escreve sobre o poder do agradecimento verdadeiro num mundo
corporativo ingrato e, ao mesmo tempo, carente.
Mark conta que mandou um e-mail para uma assistente
administrativa igual a você agradecendo um apoio competente que ela prestou.
Ele escreveu algo assim: “Espero que sua empresa e seu chefe saibam – e falem
para você – o quanto você é valiosa e especial!”
Ela respondeu: “Você não imagina o quanto seu e-mail
significou para mim.” Ele poderia ter escrito apenas “muito obrigado!”. Teria sido
grato e educado. Mas isso todo mundo fala e escreve. É obrigado dizer obrigado?
Fiz aniversário há alguns dias e posso arriscar uma analogia:
o que alguém quer dizer quando escreve no seu Facebook apenas “Parabéns”? É uma
formalidade virtual ou realmente um desejo honesto? Perceba leitor: todos os
dias alguém faz aniversário entre os seus amigos. Para você não muda nada, é
tanta gente que muitos passam despercebidos. Mas para este amigo é, obviamente,
uma ocasião ímpar. É um dia de lembranças e sentimentos latentes. Mas a nossa
correria sem rumo nos impede de perceber o que faz bem para os nossos. Eles só
querem ser reconhecidos, agradecidos, parabenizados – assim como você e eu.
Se realmente queremos agradecer ou parabenizar alguém,
precisamos ser notados. Precisamos mostrar que numa multidão de repetidores
inconscientes há alguém que percebe. Há alguém que se importa. Caso contrário, desconfio
que é mais decoroso o silêncio do que palavras isoladas, ditas ou escritas de
modo impensado e mecânico.
Envelhecido, cheio de saudades Ando na multidão Sempre da mesma idade. Millôr |