terça-feira, 5 de março de 2013

Parabéns e obrigado vazios


Quando foi a última vez que você agradeceu alguém de verdade? Buscando palavras – exageremos – lá nas profundezas do coração e da alma? Deve fazer tempo. E provavelmente você pouco ou jamais refletiu a respeito do significado que esse gesto carrega.

Num texto de fevereiro bastante comentado no blog da Harvard Business Review, o autor Mark Goulston escreve sobre o poder do agradecimento verdadeiro num mundo corporativo ingrato e, ao mesmo tempo, carente.

Mark conta que mandou um e-mail para uma assistente administrativa igual a você agradecendo um apoio competente que ela prestou. Ele escreveu algo assim: “Espero que sua empresa e seu chefe saibam – e falem para você – o quanto você é valiosa e especial!”

Ela respondeu: “Você não imagina o quanto seu e-mail significou para mim.” Ele poderia ter escrito apenas “muito obrigado!”. Teria sido grato e educado. Mas isso todo mundo fala e escreve. É obrigado dizer obrigado?

Fiz aniversário há alguns dias e posso arriscar uma analogia: o que alguém quer dizer quando escreve no seu Facebook apenas “Parabéns”? É uma formalidade virtual ou realmente um desejo honesto? Perceba leitor: todos os dias alguém faz aniversário entre os seus amigos. Para você não muda nada, é tanta gente que muitos passam despercebidos. Mas para este amigo é, obviamente, uma ocasião ímpar. É um dia de lembranças e sentimentos latentes. Mas a nossa correria sem rumo nos impede de perceber o que faz bem para os nossos. Eles só querem ser reconhecidos, agradecidos, parabenizados – assim como você e eu.

Se realmente queremos agradecer ou parabenizar alguém, precisamos ser notados. Precisamos mostrar que numa multidão de repetidores inconscientes há alguém que percebe. Há alguém que se importa. Caso contrário, desconfio que é mais decoroso o silêncio do que palavras isoladas, ditas ou escritas de modo impensado e mecânico.

Envelhecido, cheio de saudades
Ando na multidão
Sempre da mesma idade.
Millôr