Reportagem recente do The New York Times constatou que nos
EUA o diploma universitário é o novo ensino médio. Cargos comuns, que não
necessitam de uma formação específica, são ocupados por estudantes ou egressos
de universidades. Diferente do Brasil?
A repórter utiliza como exemplo um escritório de advocacia
que ela visitou: todos os funcionários se formaram em Direito. Inclusive a
recepcionista. Inclusive o assistente administrativo. E também quem cuida só dos arquivos. Diferente
de Santa Catarina?
O fenômeno é curioso e também evidente: muitas faculdades
graduando muita gente. Muita gente trabalhando em áreas diferentes daquela em
que se especializou. E na maioria das vezes, em funções que não exigem 4 ou 5
anos de labuta acadêmica.
O lado positivo de tanto estudo é o crescimento pessoal, e a
capacitação para continuar buscando oportunidades melhores: quem sabe mais
rentáveis, ou talvez mais focadas na área de atuação.
O lado negativo é a perda de tempo: aos 18 anos o jovem escolhe
um curso que imagina gostar, investe bastante dinheiro nele, e depois cai na
realidade do mercado: não há vagas para todos nesse ramo. Não falta emprego, mas não há garantia alguma
de que ele vai trabalhar na área em que se formou: as oportunidades são
limitadas. Sem mencionar outro entrave: a qualidade duvidosa de cursos e
instituições.
Resultado: já que todo mundo hoje em dia faz uma graduação,
destaca-se quem tem pós-graduação. Não que isso seja um problema. Mas também
gera desperdício: profissionais qualificados que investiram ainda mais na
carreira vão realizar funções operacionais. Não porque falta emprego: porque
sobram diplomas.
Não é só aqui que se forma mais gente do que o mercado
comporta. O que me preocupa, como professor, é a frustração do aluno que não
ocupará a posição que almejava. O que me preocupa mais ainda, como professor, é
a frustração de quem nem aluno universitário pode ser.