terça-feira, 19 de março de 2013

O obrigatório diploma


Reportagem recente do The New York Times constatou que nos EUA o diploma universitário é o novo ensino médio. Cargos comuns, que não necessitam de uma formação específica, são ocupados por estudantes ou egressos de universidades.  Diferente do Brasil?

A repórter utiliza como exemplo um escritório de advocacia que ela visitou: todos os funcionários se formaram em Direito. Inclusive a recepcionista. Inclusive o assistente administrativo.  E também quem cuida só dos arquivos. Diferente de Santa Catarina?

O fenômeno é curioso e também evidente: muitas faculdades graduando muita gente. Muita gente trabalhando em áreas diferentes daquela em que se especializou. E na maioria das vezes, em funções que não exigem 4 ou 5 anos de labuta acadêmica.

O lado positivo de tanto estudo é o crescimento pessoal, e a capacitação para continuar buscando oportunidades melhores: quem sabe mais rentáveis, ou talvez mais focadas na área de atuação.

O lado negativo é a perda de tempo: aos 18 anos o jovem escolhe um curso que imagina gostar, investe bastante dinheiro nele, e depois cai na realidade do mercado: não há vagas para todos nesse ramo.  Não falta emprego, mas não há garantia alguma de que ele vai trabalhar na área em que se formou: as oportunidades são limitadas. Sem mencionar outro entrave: a qualidade duvidosa de cursos e instituições.

Resultado: já que todo mundo hoje em dia faz uma graduação, destaca-se quem tem pós-graduação. Não que isso seja um problema. Mas também gera desperdício: profissionais qualificados que investiram ainda mais na carreira vão realizar funções operacionais. Não porque falta emprego: porque sobram diplomas.

Não é só aqui que se forma mais gente do que o mercado comporta. O que me preocupa, como professor, é a frustração do aluno que não ocupará a posição que almejava. O que me preocupa mais ainda, como professor, é a frustração de quem nem aluno universitário pode ser.