terça-feira, 12 de março de 2013

A individualidade suprimida


Fazer parte de um grupo indica duas características opostas do ser humano.

Comecemos pelo lado positivo: quando você entra em um grupo, você é obrigado a tolerar os integrantes. E você, com o tempo, não apenas tolera, mas também cria afinidades. Percebe que aquela pessoa que você repudiava não é tão chata assim. Encontra semelhanças e cria laços de amizade. Isso acontece no trabalho, na faculdade, no bar. É do ser humano a capacidade de adaptação.

Essa nossa facilidade de criar laços de afeto em função de afinidades pode ser também um vício condenável. Um exemplo: você é um torcedor fanático, e resolve entrar para a torcida organizada do seu time. A partir de então, não importam os interesses pessoais: não interessa se um é um picareta, ou se o outro é um salafrário: por terem um gosto em comum, ignoram-se todas as diferenças. Ao mesmo tempo, a torcida do time rival, pelo simples fato de ter um interesse incompatível, se torna inimiga. Provavelmente naquele grupo oposto você encontraria algumas pessoas muito parecidas com você.

Vamos além: muitos justificam posições e argumentos porque nasceram em tal lugar. Porque sua pele é de tal cor. A individualidade é esquecida em função de fatores sociais, políticos ou genéticos. Nos protegemos e também nos promovemos sob determinada denominação. O grupo, nesses casos, vira uma categoria de pensamento e de ação que atropela qualquer lapso de individualidade. Ou pior: a individualidade se torna um mero reflexo do que o grupo representa.

Pense nisso, leitor: você faz parte de um grupo que realmente representa os seus valores e princípios? Você é livre para discordar ao mesmo tempo que entende as diferenças e respeita a liberdade de expressão?  Ou você não tem valores nem princípios definidos e eles são determinados pelos interesses do grupo no qual você está inserido? Essa é a abissal diferença entre o virtuoso e o canalha.