quinta-feira, 16 de março de 2017

Ser profissional antes

Há alguns dias ouvi mais um conselho do Seth Godin: Ele disse que é preciso ser profissional antes de tentar ser bom.

A ideia aqui me parece ser a seguinte: quando você aparecer para vender o que você sabe fazer, você precisa causar uma primeira impressão profissional. Para quem compra, essa percepção pode ser o maior indicador de qualidade. Ainda mais se o cliente não sabe se você é bom.

O mesmo Seth Godin faz um desafio que, um pouquinho adaptado, fica assim: se você pudesse cobrar o dobro do que você cobra pelo que você vende, como você entregaria? Provavelmente você daria um jeito de ser mais profissional. Mas você precisa mesmo cobrar mais para entregar melhor, ou pode se dedicar mais a partir de amanhã?

Tenho um amigo que instala câmeras de segurança. Quando ele visita uma empresa ele chega com um projeto básico impresso — coisa que raramente seus concorrentes fazem. Ele tem um site e uma página no Facebook mostrando seus clientes. Ele explica, antes do problema, o que e como ele vai fazer se tal coisa não funcionar. Pode parecer básico, mas com esse profissionalismo ele já se diferencia dos amadores. Ou você acha que a decisão de compra é apenas uma questão de orçamento mais barato? (Em breve volto a esse tema.)

Mas você já sabe o que é ser profissional. Talvez apenas tenha esquecido o quanto é importante. Escrevo esse texto muito mais em função do perigo que essa ideia pode representar. Porque ela pode ir ao encontro de um mantra que repito, aqui e para mim mesmo, há alguns anos: antes de lançar e inaugurar, é preciso testar. Descobrir. Reduzir riscos. Errar logo para aprender e melhorar o produto antes de formalizar a empresa, por exemplo.

Estou no meio de um projeto que enfrenta esse dilema. Estamos trabalhando com poucos clientes (testando), mas ainda não temos site, marca, CNPJ. Ou seja: não aparentamos tanto profissionalismo assim. Temos que vencer essa primeira impressão no discurso, explicando aos primeiros clientes que estamos validando a ideia de negócio. Não estamos vendendo, estamos convidando para uma parceria de aprendizado mútuo. Nada ainda formal: por enquanto, uma postura de, digamos, profissionalismo informal.

Achar um meio termo no início é um caminho mais seguro para o empreendedor. Ser profissional no comportamento, no processo de descoberta, mas ainda desbravando e descobrindo o que funciona.