quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Corresponsável pelo erro

Há alguns dias fui abordado por uma pessoa que assistiu a alguma apresentação que eu fiz sobre marketing. A pessoa me disse que está se incomodando em função de uma mudança que eu sugeri que ela fizesse em redes sociais.

Minha primeira reação foi questionar, em silêncio, o que a pessoa me falava. Mas esse sentimento defensivo logo passou e, também em silêncio, aceitei e assumi a responsabilidade. E constatei na prática o preço a ser pago por querer dizer aos outros o que fazer.

No caso, eu recomendei fazer o que é certo, padrão. O que todos os especialistas recomendam. Se eu não me engano inclusive indiquei um passo-a-passo para a pessoa realizar o procedimento. Logo, seria muito fácil eu lavar as mãos e dizer que não foi minha culpa.

Faz parte do processo de aprendizagem reconhecem e resolver os erros cometidos no passado. Todos que eu me lembro aconteceram em forma de conselhos, recomendações. Todos com a melhor intenção. No entanto, sem entender a realidade do aconselhado.

Não importa quem você é ou o que você faça profissionalmente: se você sugerir e recomendar mudanças, vai se tornar corresponsável pelos resultados. E então, você tem duas opções: resolver e aprender, ou procurar culpados.

Isso acontece no nosso dia-a-dia. Exemplo: um amigo terminou um relacionamento. E você, para consolá-lo, fala que ele tem a razão, que ela não era para ele, que a vida segue, e qualquer outro comentário favorável ao amigo. E algum tempo depois os dois se entendem. E ele conta para ela o que você falou. E pronto, você é o vilão da história. Pense, leitor, nas consequências de aconselhar alguém a trabalhar, vender, comprar, parar, começar, desistir, mudar. É assustador.

Só não temos mais problemas com conselhos porque, em geral, as pessoas não seguem os conselhos. E quando escutam o "especialista", usam a recomendação como desculpa para eventual fracasso.


Hoje eu evito conselhos, e já escrevi aqui algumas vezes sobre isso. Não é assim que as pessoas aprendem. Não é assim que as pessoas mudam. Em geral elas já sabem o que você vai sugerir, e estão apenas buscando aprovação. Você não conhece a raiz do problema para propor soluções. E, como ilustrado nos exemplos deste texto, você vai se tornar responsável pelas consequências do seu conselho. Por melhor que tenha sido a intenção.