Há alguns dias fui
abordado por uma pessoa que assistiu a alguma apresentação que eu fiz sobre
marketing. A pessoa me disse que está se incomodando em função de uma mudança
que eu sugeri que ela fizesse em redes sociais.
Minha primeira
reação foi questionar, em silêncio, o que a pessoa me falava. Mas esse
sentimento defensivo logo passou e, também em silêncio, aceitei e assumi a
responsabilidade. E constatei na prática o preço a ser pago por querer dizer
aos outros o que fazer.
No caso, eu
recomendei fazer o que é certo, padrão. O que todos os especialistas
recomendam. Se eu não me engano inclusive indiquei um passo-a-passo para a
pessoa realizar o procedimento. Logo, seria muito fácil eu lavar as mãos e
dizer que não foi minha culpa.
Faz parte do
processo de aprendizagem reconhecem e resolver os erros cometidos no passado. Todos
que eu me lembro aconteceram em forma de conselhos, recomendações. Todos com a
melhor intenção. No entanto, sem entender a realidade do aconselhado.
Não importa quem
você é ou o que você faça profissionalmente: se você sugerir e recomendar
mudanças, vai se tornar corresponsável pelos resultados. E então, você tem duas
opções: resolver e aprender, ou procurar culpados.
Isso acontece no
nosso dia-a-dia. Exemplo: um amigo terminou um relacionamento. E você, para
consolá-lo, fala que ele tem a razão, que ela não era para ele, que a vida
segue, e qualquer outro comentário favorável ao amigo. E algum tempo depois os
dois se entendem. E ele conta para ela o que você falou. E pronto, você é o
vilão da história. Pense, leitor, nas consequências de aconselhar alguém a trabalhar,
vender, comprar, parar, começar, desistir, mudar. É assustador.
Só não temos mais
problemas com conselhos porque, em geral, as pessoas não seguem os conselhos. E
quando escutam o "especialista", usam a recomendação como desculpa
para eventual fracasso.
Hoje eu
evito conselhos, e já escrevi aqui algumas vezes sobre isso. Não é assim que as
pessoas aprendem. Não é assim que as pessoas mudam. Em geral elas já sabem o
que você vai sugerir, e estão apenas buscando aprovação. Você não conhece a
raiz do problema para propor soluções. E, como ilustrado nos exemplos deste
texto, você vai se tornar responsável pelas consequências do seu conselho. Por
melhor que tenha sido a intenção.