quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Estrelas cadentes

Eu procuro conversar com profissionais de diversas áreas. É algo que eu tento fazer com certa frequência: buscar mais informação de realidades que eu desconheço. E esse cruzamento de informações traz inspirações e novas perspectivas.

Por exemplo: há alguns dias eu conversava sobre projetos com uma arquiteta. Falávamos sobre as complicações e conflitos da relação com o cliente. E ela me disse que entrega muitos projetos com detalhes que ela não faria se a casa fosse dela. Ela não impõe nada, e disse que faz isso simplesmente porque respeita o cliente.

Isso é marketing puro, simples, instintivo. Uma manifestação dos próprios valores, como deve ser. Ou você acha que isso é obvio? Pode até ser, no discurso. Mas não é na prática. E em alguns segmentos, essa percepção é rara.

A questão principal é estabelecer a diferença entre quem é um artista e quem é um prestador de serviços. Não há problema nenhum em ser um ou outro. Mas o artista não pode exigir que as pessoas aceitem e comprem a sua ideia. Se você é (ou se considera) um artista, tudo bem. Você cria algo para "alimentar a alma”. A venda dessa arte pode até acontecer, mas não há nenhuma garantia disso.

E aqui muitos profissionais se confundem. Criam projetos, de qualquer natureza, e acham que são os donos da verdade. “Eu estudei para isso, eu sei o que é certo". Esse é o discurso. O profissional se comporta com um sábio, um perito, um messias, uma estrela do ramo que não pode ser questionada. Talvez no passado isso até funcionasse, numa economia de escassez. Hoje, no cenário de informação e comunicação instantânea e abundante, não funciona mais.

Se você é um empreendedor, prestador de serviços, vendedor, você não faz para você. Você faz para um determinado grupo de pessoas que vão usar o que você faz como solução para alguma necessidade ou problema.

Lá vai então uma maneira de fazer para os outros, como um empreendedor deve fazer: crie o seu produto ou serviço, e tente vender para as pessoas. Veja se elas compram (e não vale pesquisa de opinião, tem que ser venda). Se ninguém comprou, crie de novo. Até que tenha aceitação. O esforço de criação, teste e ajuste é mais importante que o esforço de venda.

Ou seja: é mais fácil vender aquilo que as pessoas querem. E, afinal, você está sendo pago para fazer o que o cliente quer e precisa. Não para ser um artista com o dinheiro alheio.