Há alguns dias eu falava com um empresário de uma cidade de aproximadamente 2 mil habitantes. Daquelas que eram uma linha, um distrito, e viraram um município com prefeitura, vereadores e tudo.
Fiz uma apresentação sobre marketing nessa cidade. Eu falava sobre a importância de segmentar, focar, diferenciar e tal.
Ao final da apresentação, um empresário local me procurou. Ele disse que essa ideia de foco e público-alvo não servia para ele. No pequeno ponto comercial dele funcionavam várias coisas, como um pequeno shopping.
Ou seja: ele queria atrair todas as pessoas da cidade. Por isso não tinha um público definido. Ele queria todo mundo e por isso vendia de tudo. O raciocínio dele faz certo sentido: para que meu negócio funcione, aqui onde estou, eu preciso trazer para dentro da loja todas as pessoas da cidade.
O tamanho do mercado consumidor deveria ser o primeiro fator a ser avaliado pelo empreendedor. E em cidades pequenas isso sempre deverá ser considerado. Mas algo impressionante acontece: o empreendedor não calcula quantas pessoas ou empresas ele terá para atender. Ele é tomado por um otimismo míope, e não considera isso um problema.
Esse empresário local precisa conquistar novos mercados. Viajar, fazer contatos, parcerias. Pensar mais em logística. Usar a internet para se comunicar e vender.
O ponto comercial deve servir de base, e não representar o único local de compra e venda.
Existem muitos bons exemplos: empresas de pequenas cidades entregando produtos em todo o Brasil, algumas no mundo. Prestadores de serviços reconhecidos que atraem clientes e pacientes de toda a região – ou que vão até lá atende-los. Lojas de bairro que se destacam e entregam em qualquer parte da cidade, facilitando a vida dos clientes.
Não é o ponto comercial que define o tamanho do mercado. Precisamos romper essa barreira física que a loja (escritório, consultório) impõe. Mas o que muita gente espera é que os clientes venham, enquanto oferecem chimarrão atrás do balcão. Hoje em dia isso não funciona mais. Temos que desbravar novos mercados.