quinta-feira, 12 de maio de 2016

Sobre mercados pequenos

Em cidades pequenas nem sempre temos mercado. Explico: nem sempre temos clientes suficientes para comprar nossos produtos. Algo óbvio, fácil de perceber, mas muitas vezes ignorado.

Há alguns dias eu falava com um empresário de uma cidade de aproximadamente 2 mil habitantes. Daquelas que eram uma linha, um distrito, e viraram um município com prefeitura, vereadores e tudo. 

Fiz uma apresentação sobre marketing nessa cidade. Eu falava sobre a importância de segmentar, focar, diferenciar e tal.

Ao final da apresentação, um empresário local me procurou. Ele disse que essa ideia de foco e público-alvo não servia para ele. No pequeno ponto comercial dele funcionavam várias coisas, como um pequeno shopping.

Ou seja: ele queria atrair todas as pessoas da cidade. Por isso não tinha um público definido. Ele queria todo mundo e por isso vendia de tudo. O raciocínio dele faz certo sentido: para que meu negócio funcione, aqui onde estou, eu preciso trazer para dentro da loja todas as pessoas da cidade.

O tamanho do mercado consumidor deveria ser o primeiro fator a ser avaliado pelo empreendedor. E em cidades pequenas isso sempre deverá ser considerado. Mas algo impressionante acontece: o empreendedor não calcula quantas pessoas ou empresas ele terá para atender. Ele é tomado por um otimismo míope, e não considera isso um problema.

Esse empresário local precisa conquistar novos mercados. Viajar, fazer contatos, parcerias. Pensar mais em logística. Usar a internet para se comunicar e vender.
O ponto comercial deve servir de base, e não representar o único local de compra e venda.

Existem muitos bons exemplos: empresas de pequenas cidades entregando produtos em todo o Brasil, algumas no mundo. Prestadores de serviços reconhecidos que atraem clientes e pacientes de toda a região – ou que vão até lá atende-los. Lojas de bairro que se destacam e entregam em qualquer parte da cidade, facilitando a vida dos clientes.

Não é o ponto comercial que define o tamanho do mercado. Precisamos romper essa barreira física que a loja (escritório, consultório) impõe. Mas o que muita gente espera é que os clientes venham, enquanto oferecem chimarrão atrás do balcão. Hoje em dia isso não funciona mais. Temos que desbravar novos mercados.