quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Adaptado e piorado

Não vou citar nomes, mas conheço algumas pessoas que, em qualquer negociação, choram por um desconto no preço. O leitor também deve conhecer alguém assim. Quem sabe essa personagem aparece no espelho do banheiro.

Não é um defeito. É um direito pechinchar. Mas vou usar um exemplo bem prático do quanto essa barganha pode ser prejudicial para uma empresa, especialmente para o prestador de serviços.

Uma dessas pessoas que eu conheço, quando faz cotação de seguros, por exemplo, pede para o corretor cortar o máximo de coberturas para chegar no menor preço. Se o corretor fizer isso, acaba deixando de fora coberturas que ele sabe que são importantes.

Se o cliente não acionar o seguro, não vai fazer diferença. Mas se o cliente tiver que usar o seguro, vai sentir falta de benefícios esperados, porém inexistentes. O corretor pode até alegar: “Foi você que quis o seguro assim, mais simples e mais barato.” Mas no momento de estresse não muda nada dizer “Eu avisei!” para o cliente.

O que se sabe é que o corretor vai se incomodar. O cliente vai precisar de apoio, mas os cortes feitos para fechar o negócio poderão prejudicar a sua experiência. Mesmo tendo sido opção dele uma cobertura básica, quem também vai se incomodar é o corretor.

Isso acontece com vários prestadores de serviço, e até com produtos, que fazem cortes na qualidade para conseguir vender. Ou então mudam e adaptam sua especialidade para poder alcançar mais pessoas. A pergunta é: e se algo der errado, vai valer a pena o incômodo?

Podemos usar um exemplo mais crítico: imagine um dentista que resolve qualquer problema, inclusive aqueles que não são sua especialidade. Ele faz diversos procedimentos, digamos, porque está começando, ou porque precisa de mais clientes. Será que esse é o caminho para o sucesso profissional? Ser um generalista?

Em momentos de crise, como o atual, é comum empresas ampliando sua atuação para conquistar mais clientes. Isso nem sempre é um erro: no entanto, a empresa (ou o prestador de serviços) precisa manter suas características, sua essência. 

Tentar vender de tudo para todo mundo é perigoso. Assim como é arriscado ser o prestador de serviços que atua em várias áreas porque precisa pagar as contas. É mais eficiente e menos desgastante encontrar o problema que precisa da sua especialidade, da sua solução.