quinta-feira, 8 de maio de 2014

O empresário limitado

Ultimamente tenho observado com mais atenção um momento crucial de diversos empresários: aquele em que ele chegou no limite, não possui tempo para mais nada. Consequentemente, o negócio chegou no limite de crescimento também, já que empresário e empresa se confundem. Explico.

Em geral esse empresário vive estressado, reclamando do governo, dos impostos, dos fornecedores, dos funcionários e dos clientes. Afinal de contas, ele lida com todos eles. Ele bate o escanteio e corre para cabecear. Ele contrata, manda, desmanda, carrega, negocia, paga. Passa o dia resolvendo problemas, apagando incêndios.

Ele não tem tempo para pensar no negócio, no mercado, no cliente, na estratégia. E a culpa não é de quem ele culpa: a culpa é toda dele. Para resolver esse problema, ele precisa desenvolver a capacidade de delegar.

Mas para pedir que outros trabalhem por ele e com ele, é necessário que ele tenha funcionários bons, talentosos. Só que esses seres raros vem com uma característica inata: a ambição. Logo, se a empresa não apresenta perspectivas futuras, eles vão embora. Talvez o empresário nunca conheça um deles, pois a sua empresa não é atraente. Ela é uma monarquia intocável. E dessa forma, o empresário vai precisar se conformar com os acomodados. Eles vão trabalhar, mas invariavelmente vão dar trabalho.

Quem cria um negócio precisa pensar em expandir. Demora para perceber (eu admito que também demorei), mas a expansão e a perspectiva de crescimento são as únicas maneiras de reter talentos.

E esses talentos também gostam de autonomia. Não diga a ele exatamente como agir: crie um ambiente para resolver problemas e facilitar a vida das pessoas e deixe ele atuar. Crie regras de meritocracia: os melhores precisam ser promovidos a sócios, a cargos estratégicos. Mas esqueça as promoções por tempo de serviço. Os talentosos não respeitam muito o tempo. Premie o resultado e eles vão levar você e a organização mais longe.

Por outro lado, não há nenhum pecado em manter o negócio pequeno, sob controle. Mas é preciso parar de reclamar e ter consciência de que isso tem consequências: uma empresa limitada que não vai conseguir atrair e reter pessoas excepcionais. Pode anotar: em 5 ou 10 anos, os problemas continuarão os mesmos (na melhor das hipóteses).

Lembre-se, empresário: os seus limites estão limitando a sua empresa. E a culpa é sua.