quinta-feira, 15 de maio de 2014

Estratégia é jogar fora

Quando se fala em estratégia, dificilmente não se fala em Napoleão Bonaparte. E é clássico na administração estudar movimentos militares e comparar com o que as grandes empresas fazem. Quem pensa que a solução para a guerra é a paz não conhece o ser humano. Mas estou divagando.

Concentremos na estratégia: segundo Napoleão, se você precisa de forças em um lugar, é preciso economizar força em outros lugares. Com esse raciocínio, o autor Nick Tasler abre seu artigo no blog da Harvard Business Review. A essência da estratégia é escolher o que não deve ser feito.

Dessa forma, segundo o autor, a produtividade não pode ser um objetivo. Sem estratégia, a produtividade é insignificante. Você estará concentrando esforços e lutando para ser eficiente em tarefas que podem ser irrelevantes. O autor cita Peter Drucker, o grande mestre da estratégia empresarial: “Não há nada tão inútil quanto fazer de forma eficiente algo que nem deveria ser feito.”

Pode parecer uma filosofia distante da realidade de pequenas empresas, mas não é, de forma alguma. Quando você for planejar a estratégia da sua empresa (eu sei que isso nunca aconteceu, mas coragem!) comece mapeando todos os esforços da sua equipe e veja o que precisa ser interrompido.

Um exemplo banal: passei treinamento em um posto de combustíveis em uma cidade turística do Rio Grande do Sul, no qual o gerente exigia que os frentistas ficassem alinhados, em posição ensaiada, aguardando os carros. Parecia uma formação militar. Os frentistas reclamavam do cansaço, queriam poder sentar um pouco. E os clientes, quando consultados, não entendiam aquele teatro, e também achavam que os frentistas ficariam exaustos naquela posição. Mas o gerente considerava aquela disciplina importante. Era importante na cabeça dele, mas irrelevante no faturamento da empresa e na percepção do público, além de um evidente entrave na satisfação dos funcionários.

Sendo assim, mais um detalhe: estratégia não é cortar aquilo que não é importante. Isso é o básico. Estratégia é cortar coisas importantes, mas que não estão alinhadas com o objetivo, com o foco da organização. É o que Napoleão falou: será que suas forças estão sendo usadas aonde elas são realmente necessárias?

É uma ideia que pode também orientar a sua vida: estratégia é abrir mão de coisas boas que, apesar de boas, não vão te levar mais longe. Já pensou, leitor, quanta coisa que você conserva deveria ser jogada fora?